Data de publicação: 14-05-2007 00:00:00

Festa da Abolição da Escravatura em Contagem

Centro de Integração Empresa Escola de Minas Gerais -  CIEE

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A festa comemorando os 119 anos de Libertação dos Escravos Negros no Brasil foi realizada neste sábado e domingo, 12 e 13.05, na Igreja São Gonçalo e prosseguiu na Comunidade dos Arturos.

O desfile das guardas, escravos e cavaleiros pelas ruas da cidade deram início às comemorações. O cortejo dos escravos, a leitura da Lei Áurea, o lamento negro nas escadarias da Igreja Matriz de São Gonçalo e a Missa Conga fizeram parte das comemorações.
 
José Bonifácio, vulgo Zé Bengala, presidente da Irmandade Nossa Senhora do Rosário de Contagem disse que os negros ainda são vistos com preconceitos. “Essa festa é de responsabilidade de todos e serve para difundir a cultura negra. Queremos rememorar a luta dos nossos antepassados em nome da liberdade e dizer que os negros existem e tem seu espaço garantido na sociedade resguardado pela Lei Áurea”, enfatiza.

Zé Bengala recebeu da Prefeita de Contagem Marília Campos a chave da cidade. “Esse é um dia muito especial para todos nós por ser o Dia das Mães e ser o dia da festa que relembramos a cultura do nosso povo. Temos orgulho de ter a comunidade dos Arturos em nosso município que resguarda as tradições dos seus antepassados passando a cultura de pai para filho”, ressalta.

Uma encenação foi feita para mostrar o papel dos senhores de engenho, do capataz e da sinhá na época da escravidão. Em seguida a Princesa Isabel leu a Lei Áurea libertando os escravos e exigindo que a nova ordem fosse cumprida. O lamento dos escravos em forma de canto falando dos sofrimentos dos cativeiros foi um dos pontos alto da festa.

Em seguida os escravos e as guarda de congo saíram em cortejo até na Igreja Matriz de São Gonçalo onde foi realizada a missa conga celebrada pelo Padre Geraldo Cabrera. O vigário ressaltou a importância de manter viva as tradições e a cultura dos negros. Todos os fiéis rezaram juntos e receberam a comunhão.

Terminada a missa, as guardas saíram em desfile pelas ruas em direção a comunidade dos Arturos onde se reuniram para reverenciar a Nossa Senhora do Rosário. Neste ano, 14 Guardas de Congo e Moçambique atraíram cerca de 2.000 pessoas nos festejos de 13 de maio. A novidade foi à presença de uma guarda vinda da cidade de Dores do Indaiá representando os Pampas Gaúchos.
A festa se estendeu até a noite e a comunidade dos Arturos lotou de visitantes, estudantes e pela imprensa que sempre prestigia o evento que tem repercussão nacional.

História - Comunidade Negra dos Arturos

A Comunidade Negra dos Arturos tem sua origem ligada à história de Arthur Camilo Silvério, filho de escravo, nascido em torno de 1885, cujo nome tornou-se auto-denominação de seus descendentes.

O grupo familiar habita uma propriedade particular, numa área de 6,5 hectares a dois quilômetros e meio do centro da cidade de Contagem/MG. Arthur viveu o sofrimento de um tempo ainda marcado pela escravidão.

Ao se casar com Carmelinda, determinou para si mesmo que iria criar seus filhos – tiveram onze – unidos em torno da família e da fé em Nossa Senhora do Rosário. Por volta da década de quarenta, a família passa a ocupar o terreno em Contagem - herança de seu pai Camilo Silvério - onde vive hoje a comunidade formada por mais de quarenta famílias compostas por seus descendentes – os Arturos – mantendo vivos os ensinamentos e a lembrança dos pais, avós, bisavós e tetravós Arthur e Carmelinda.

O grupo mantém, assim, importantes tradições da cultura negra brasileira, transmitidas de pai para filho. Dentre elas o batuque, a festa do João do Mato da capina, a Folia de Reis, além de aspectos da culinária e do modo de organização da vida comunitária e, sobretudo, a vivência do sagrado, representada pela celebração do Reinado de Nossa Senhora do Rosário, o Congado.

O Congado dos Arturos está vinculado à Irmandade de Nossa Senhora do Rosário de Contagem, cujo primeiro estatuto data de 1868, sendo a comunidade considerada uma das mais importantes e tradicionais de Minas e do país. O filho mais velho de Arthur – Geraldo Arthur Camilo – foi Rei Congo do estado de Minas Gerais, eleito pela Federação dos Congadeiros do Estado de Minas Gerais até seu falecimento no ano de 2004.

Devido à sua importância no cenário mineiro, a Comunidade dos Arturos vem sendo, nas últimas décadas, um campo de aprendizagem para várias pesquisas acadêmicas extensas, em áreas diversificadas, tendo sido gerados livros publicados, teses e dissertações, ensaios fotográficos, produções em vídeo.
 
Além disso, a comunidade tem sido citada em obras mais abrangentes da literatura afro-brasileira, e vem merecendo várias reportagens na mídia escrita, falada e televisada, bem como na Internet. A comunidade lançou recentemente o seu CD- Livro onde a O CD duplo contém o registro sonoro da diversidade musical da cerimônia do Candombe e das guardas de Congo e de Moçambique, integrantes dos rituais do Reinado de Nossa Senhora do Rosário da Comunidade dos Arturos. Compostos apenas de gravações realizadas em momentos rituais, os CDs desenham a seqüência de uma festa, o que traz o leitor e ouvinte a se sentir no ambiente festivo, lá na comunidade.

 

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