Vice-governador de Minas Gerais, Antonio Andrade, foi preso nesta sexta-feira (9)
Foto: Reprodução internet
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O vice-governador de Minas Gerais, Antonio Andrade (MDB), e o deputado estadual João Magalhães (MDB) foram presos pela Polícia Federal (PF) nesta sexta-feira (9), em mais um desdobramento da Operação Lava Jato, denominada Operação Capitu, deflagrada com o apoio da Receita Federal.
As investigações apuram um complexo esquema de corrupção e pagamento de propina quando Andrade era ministro da Agricultura no governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Magalhães, na época, era deputado federal.
Ao todo, 63 mandados de busca e apreensão e 19 de prisão temporária estão sendo cumpridos, a pedido do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Minas Gerais (inclusive em Contagem), São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Paraíba e no Distrito Federal.
A fraude envolvia doações irregulares de um grupo empresarial do ramo de processamento de proteína animal a diversos políticos e partidos “em troca de atos de ofício, que proporcionariam ao grupo a eliminação da concorrência e de entraves à atividade econômica, possibilitando a constituição de um monopólio de mercado”, conforme informado pela polícia.
Segundo a PF, as redes de supermercados mineiras Epa e BH participaram do esquema, por meio de controladores e diretores, fazendo a lavagem do dinheiro e “repassando aos destinatários finais os valores ilícitos em dinheiro vivo e em contribuições oficiais de campanha”.
Reincidência
A operação tem por base a delação de Lúcio Funaro, apontado como operador do MDB. Segundo as investigações, havia um esquema de arrecadação de propina dentro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Câmara dos Deputados para beneficiar políticos do MDB, que recebiam dinheiro da JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, em troca de medidas para beneficiar as empresas do grupo.
O empresário Joesley Batista, dono da JBS, está entre os presos. Por meio de nota, a defesa dele informou que a prisão do cliente foi recebida com “estranheza”, uma vez que o empresário é colaborador da Justiça, função que estaria sendo cumprida “à risca”.
A rede Supermercados BH afirmou que não vai se posicionar sobre a operação. A reportagem do Diário de Contagem não conseguiu falar com um representante do Epa Supermercados.
Consequências
De acordo com a Polícia Federal, os envolvidos deverão ser indiciados pelos crimes de constituição e participação em organização criminosa, obstrução de justiça, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, dentre outros. Caso haja condenação, as penas máximas poderão variar de três a 120 anos de reclusão, proporcionalmente à participação de cada investigado.
“Durante as investigações, houve clara comprovação de que empresários e funcionários do grupo investigado – inicialmente atuando em colaboração premiada com a PF – teriam praticado atos de obstrução de justiça, prejudicando a instrução criminal, com o objetivo de desviar a polícia da linha de apuração adequada ao correto esclarecimento dos fatos. Daí o nome da operação, Capitu, a personagem dissimulada da obra prima de Machado de Assis, Dom Casmurro”, explicou a PF.
*Com Agência Brasil