Data de publicação: 25-07-2019 16:12:00

Tragédia de Brumadinho comove bombeiros que trabalham no resgate

WRV Produções
Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação
 
Agência Brasil
 
O trabalho dos bombeiros desde o rompimento da barragem 1 da Vale, na Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, em 25 de janeiro deste ano, tem sido exaustivo e com momentos de muita tristeza. Para o porta-voz da corporação, tenente Pedro Aihara, são seis meses de uma operação muito complexa, que exige em termos logísticos e humanos, mas também é um período em que a população tem visto claramente o compromisso e o envolvimento da corporação com a dor das famílias.
 
Segundo o tenente, nesse tempo, foram identificadas 248 vítimas, o que dá aproximadamente quase 92%, patamar que era considerado impossível para muitos especialistas internacionais. Ainda há 22 pessoas desaparecidas. Na visão dele, só foi possível alcançar esse índice de localização graças a um trabalho de muita dedicação.
 
Durante os seis meses, houve investimento no aprimoramento da inteligência operacional empregada, revolvendo menos de 10% do rejeito a partir das análises, do cruzamento de dados, da verificação de onde estavam as pessoas, como foram o fluxo e a velocidade da lama e onde ela ficou retida.
 
“Ainda estamos com 22 pessoas desaparecidas. Na atual fase da operação, trabalhamos no sentido de compreender como a gente pode definir as áreas prioritárias de busca, onde há maior possibilidade de encontrar as vítimas e a partir das que já foram levantadas, a gente faz um trabalho direcionado nesse foco”, disse à Agência Brasil.
 
Atuação constante
 
Aihara afirmou ser muito importante destacar que a operação continua e emprega diariamente mais de 150 agentes. Desde 25 de janeiro não houve interrupções no trabalho dos bombeiros, tanto em melhores como em piores condições. O compromisso, conforme o porta-voz, é achar todas as vítimas ou, então, encerrar a operação quando não houver mais viabilidade técnica para as buscas.
 
“A gente atua, hoje, com mais de 100 máquinas pesadas, como retroescavadeiras, e com mais de 150 bombeiros militares por dia. Agora, a gente trabalha em uma área de 4 milhões de metros quadrados, volume de rejeitos de 10,5 milhões de metros cúbicos e, hoje, existem mais de 25 frentes simultâneas de trabalho para conseguir inspecionar todos os locais em um mesmo momento”.
 
O tenente revelou que nesta fase da operação já não há tanta necessidade de utilizar helicópteros. Para fazer a varredura aérea, os bombeiros estão se valendo de drones e ainda o equipamento que consegue identificar uma concentração de massa metálica, que pode ser de um carro ou de uma locomotiva que foram soterrados. Além disso, contam com a atuação de cães de buscas. “Tudo isso a gente alimenta uma base de dados de informação relevante e, com isso, consegue estimar com precisão determinadas áreas onde podem estar as vítimas”, contou.
 
Aspecto emocional
 
O porta-voz reconheceu que as buscas são um tipo de ocorrência que exige muito dos bombeiros também psicologicamente, mas ponderou que os agentes entendem a importância das suas atuações para trazer tranquilidade e paz para as famílias que estão com parentes desaparecidos. “Por mais difícil que seja o momento no ponto de vista do nosso psicológico, a gente sabe que esse é um momento de doação ao outro, em poder prestar um bom serviço diante da expectativa de tanta gente”, afirmou.
 
Na visão do tenente, o que mais o impressionou nesse tempo foi a força das pessoas. “Mesmo diante desse cenário de tragédia elas têm conseguido encontrar forças para seguirem suas vidas, para enxergarem esperança onde existe tanta dor e sofrimento. O que a gente puder contribuir no sentido de fornecer um alento a essas pessoas, isso também é um compromisso que a gente assumiu. Todas as semanas a gente faz reunião com as famílias para mostrar tudo que está sendo feito”, apontou.
 
“Não é só uma operação de resgate de corpos e de cadáveres é, sobretudo, uma operação de resgate de dignidade, de dar a essas pessoas um acolhimento e mostrar que existe uma instituição que se importa com cada uma delas”, observou, acrescentando que a diferença entre encontrar um sobrevivente e uma vítima morta está na possibilidade de reduzir o sofrimento da família que tem um parente desaparecido e sem identificação.
 
Para Aihara, atualmente, Brumadinho tem o sentimento de tristeza e de consternação, aliado à necessidade de reconstrução. Conforme o tenente, este é um momento também de reflexão para que novas tragédias como esta não ocorram. “Que se possa utilizar esta situação tão triste, este legado tão pesado para identificar como a gente pode estabelecer cenários mais seguros e uma cultura de prevenção de acidentes para o país, e fazer tudo para que isso não aconteça mais”, defendeu.
 
O mesmo sentimento tem o operador ambiental da Vale Sebastião Gomes, um sobrevivente do rompimento da barragem de Brumadinho. “Eu quero e muita gente quer que isso não seja esquecido; tanto Mariana quanto Brumadinho, para que algo como essa [tragédia] não se repita”.
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