Data de publicação: 22-08-2019 17:55:00 - Última alteração: 22-08-2019 17:55:36

A nova era da justiça, injustiça e pós-verdade na contemporaneidade

Centro de Integração Empresa Escola de Minas Gerais -  CIEE
Foto: Internet/Reprodução
 
Bárbara Dias do Carmo*
 
O que é justiça para você? Essa pergunta tem diversas respostas. E não há uma totalmente certa ou completamente errada. Nosso senso de justiça é construído. Não é igual ao dos nossos pais e sequer ao dos nossos avós, apesar de as raízes evolutivas que possuímos serem herdadas deles. Nós construímos nosso caráter por meio de um conjunto de hábitos que temos como exemplo em nossos primeiros anos de vida.
 
O agrupamento das ações morais e das atitudes cotidianas resulta na construção do nosso caráter, e ele não é algo perpétuo. Nossos impulsos, instintos e transformações cotidianas ao longo dos anos interferem diretamente nessa construção. A partir disso, fica visível que o senso de justiça não é algo uniforme, cada um tem o seu, e isso deve ser respeitado. Sempre falo de respeito em meus textos, pois, a meu ver, é o que mais está faltando no mundo.
 
Esse respeito de que estou falando não é apenas o das tratativas diretas, falo também das digitais. Está se tornando comum ofender o outro ou uma classe por meio de redes sociais, e isso e inadmissível.
 
Entramos na era da pós-verdade. No livro de Yuval Noah Harari, o Homo Sapiens sempre viveu nessa era, “cujo poder depende de criar ficções e acreditar nelas”. Esse seria o conceito de pós-verdade e uma das principais características que nos difere dos demais mamíferos: a capacidade de criar narrativas que não existem e fazer com que os outros acreditem nelas.
 
O problema de acreditar sem questionar é justamente o de cometer injustiças, e as da contemporaneidade podem ter várias causas. Uma delas é não buscar outras narrativas. Com isso, surge um termo muito comum na atualidade da linguagem virtual, as famosas fake news. Com algum usuário criando algo mentiroso e espalhando pela Web, a maioria das pessoas que o recebem não verifica a veracidade, a notícia falsa se alastra e configura outra injustiça.
 
Como combater isso? Ora, não sejam do grupo da manipulação em massa, não compartilhem tudo que veem sem antes lerem toda a matéria, olhem a data da publicação e analisem a fonte. Caso tenham dúvida da natureza da notícia, pesquisem em outros sites, sejam cautelosos, um simples clique pode fazer estragos na vida de uma pessoa.
 
Basta se lembrar da época de eleições, do quanto ouvimos promessas boas, do quanto ouvimos o que queríamos ouvir, mas, infelizmente, quem estava falando estudou a população para conquistar votos e se eleger. Não digo que todo político que se elege não faz nada, mas duvide ao ouvir promessas demais. Duvide, questione, pesquise.
 
Temos um mundo em nossas mãos chamado internet, é só pesquisar. Tem candidatos que prometem até o que não é de competência deles, apenas para assumirem o cargo. Uma verdadeira falta de respeito. Injustiça com quem não possui conhecimento básico em política.
 
Além da política que fiz questão de dar ênfase, pois tem sido essencial nos últimos anos e o principal tema das redes sociais – e continua sendo –, há outras questões atuais, mas não há necessidade de manifestarmos sobre tudo, o tempo todo. Não precisamos.
 
Muitos se sentem na obrigação de firmar uma opinião, de erguer a guarda e ir para a guerra. Que guerra? Sequer teve guerra declarada, mas eles acreditam e se preparam. Em vez de vestirem farda, vestem toga. Exemplo perfeito é o do Facebook, que transforma cidadãos comuns em juízes: muitos julgamentos, pouco conhecimento e pouca troca de conhecimento. Lamentável.
 
Logo, vamos buscar praticar mais a empatia, ninguém é melhor do que ninguém, ajudar o outro é sempre uma oportunidade de ajudar a si mesmo também e de diminuir a ignorância que nos rodeia. Vamos em busca de, primeiramente, diminuir a injustiça e as fake news, depois, de expandir a justiça e uma interação social e justa.
 
*Técnica em Administração, bacharel em Direito e pós-graduanda em Direito e Tecnologia.
 
(O conteúdo dos artigos publicados pelo jornal Diário de Contagem é de responsabilidade dos respectivos autores e não expressa a opinião do veículo.)
Comentários

Charge


Flagrante


Boca no Trombone


Guia Comercial


Enquetes


Previsão do Tempo


Siga-nos:

Endereço: Av. Cardeal Eugênio Pacelli, 1996, Cidade Industrial
Contagem / MG - CEP: 32210-003
Telefone: (31) 2559-3888
E-mail: redacao@diariodecontagem.com.br