Data de publicação: 05-09-2019 10:40:00

O Brasil no meio do fogo cruzado da atual Guerra Fria

Centro de Integração Empresa Escola de Minas Gerais -  CIEE
Foto: Internet/Reprodução
 
Bárbara Dias do Carmo*
 
Sabem do que estou falando? Dos frequentes, digamos, atritos envolvendo duas potências tecnológicas e econômicas, Estados Unidos e China, no cenário mundial. Prefiro chamar de atrito, porque a guerra comercial não foi declarada, ocorre agora uma competição, um bate- rebate. Os Estados Unidos impõem e aumentam tarifas e a China suporta como pode, implementando sobretaxas.
 
Em um artigo, denominei a China como o “país número um em tecnologia”, e isso deixa os Estados Unidos com ciúme, eles não estão acostumados a serem segundo lugar em nada. Daí vêm tantas notícias envolvendo os dois países.
 
Os chineses estão evoluindo muito rapidamente em termos tecnológicos, movimentando a economia e disputando topos, o problema é que a China vem como um adversário forte demais para os Estados Unidos baterem de frente. E eles sabem disso.
 
Imagino que seja um baque ao ego norte-americano ver sua população usando produtos chineses. O país que tem Apple, Microsoft, Facebook, por que usaria outros produtos? O patriotismo americano não permitiria deixar uma empresa estrangeira dominar o mercado.
 
Atualmente, segundo a revista Exame, “quase 70% dos produtos importados da China são tributados pelos Estados Unidos”. Uma verdadeira pedra no sapato, a China não recuou, pelo contrario, usou o mesmo golpe. Aliás, essa pedra no sapato tem até nome, Huawei, a criadora da rede 5G.
 
A questão imposta ao Brasil é: desça do muro e escolha um lado. Se escolher a China, as relações com os Estados Unidos se abalarão profundamente e vice-versa, e agora?
 
Agora, há problemas à vista. A China, hoje, é o país que mais investe no Brasil, tendo, de fato, uma boa relação comercial. O Brasil é um país consumista, mesmo com seu crescimento econômico lento decorrente da má gestão dos governos das últimas décadas, e, além disso, os recursos naturais são um belo atrativo para vários países.
 
Todavia, nosso presidente peca pelo exagero, em especial quando o assunto é os Estados Unidos. Um visível fã de Donald Trump, os dois têm muito em comum. O radicalismo e frases polêmicas estão na lista, algo que ultrapassa o cordial e o respeitoso, e é óbvio que isso incomoda a China.
 
Nosso presidente escolheu? Não há um decreto, apenas fortes indícios. Uma Guerra Fria ocorre no Nordeste: quem instalará o 5G no Brasil? A preocupação dos Estados Unidos é e sempre foi a informação. Caso a China instale o 5G, os Estados Unidos poderão cortar relações de informação com o Brasil e, consequentemente, causar um mal-estar que pode levar a outros rompimentos.
 
O 5G será a quinta geração de telefonia, com velocidade até cem vezes superior à das redes atuais, facilitando o uso de carros autônomos e cidades com controle inteligente.
 
O medo desses dois países é sobre vulnerabilidade. Com equipamentos importantes ligados diretamente à tecnologia 5G, poderá ser mais fácil ocorrerem ataques cibernéticos, e sabemos o quanto ambas as nações investem em segurança tecnológica.
 
Destaco um ponto que li no site da Folha e que pode ser a resposta para a escolha do Brasil. “A China tem uma lei de segurança nacional que exige que fornecedores cumpram determinações do Partido Comunista, sem a intervenção de um judiciário independente. A inexistência de um judiciário independente que possa ser acionado por empresas é diferença crítica entre o que há em democracias como Brasil, EUA e China”.
 
Em poucas palavras, essa lei impede que as empresas tenham acesso à Justiça, e, em nossa Constituição de 1988, está garantido exatamente o contrario.
 
Fato é que o Brasil tem até 2020, quando ocorrerá o leilão da rede 5G. Entre as empresas brasileiras, preocupo-me, no caso de ocorrer mesmo um leilão, com um possível monopólio. O país não possui boas empresas de telecomunicação e esse defeito precisa urgentemente ser sanado.
 
Enquanto essa Guerra Fria ocorre, peguem a pipoca, aparentemente a novela só está começando.
 
*Técnica em Administração, bacharel em Direito e pós-graduanda em Direito e Tecnologia.
 
(Os hiperlinks no texto são da autora. O conteúdo dos artigos publicados pelo Diário de Contagem é de responsabilidade dos respectivos autores e não expressa a opinião do jornal.)
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