Data de publicação: 24-12-2019 15:05:00

O altruísmo vai muito além de uma data

Centro de Integração Empresa Escola de Minas Gerais -  CIEE
Foto: Internet/Reprodução
 
Rui Miguel*
 
Os homens apressam-se mais para retribuir um dano do que um benefício, porque a gratidão é um peso e a vingança, um prazer, como dizia Shakespeare. É muito fácil falar de amor, difícil é entender a sua essência e praticá-la com o coração, de maneira sincera e altruísta. Afinal, existe uma diferença muito grande entre ser altruísta e ser generoso.
 
Normalmente, quando você é generoso, é para mostrar aos outros o que está fazendo, seja a sua caridade ou a sua demonstração de afeto por meio de bens materiais. Independentemente de sua ação bondosa e falsamente amorosa, o seu grande objetivo é mostrar para as outras pessoas que você se compadece com o próximo e que é dotado dessa virtude.
 
Mesmo que você não queira ter aplausos pelo seu feito, você exige daquele que o recebe certo grau de gratidão. “Eu te ajudei agora, mas, quando eu precisar de você, por favor, lembre-se desse momento”.
 
Isso é estupidamente ridículo. Quando você faz o bem para o outro, você nunca deve esperar algo ou algum serviço em troca. Isso é totalmente contra o significado do amor.
 
A pessoa que possui a virtude do altruísmo é realmente dotada de uma sabedoria e de uma humildade que não são normais do ser humano. Nós, humanos, sempre queremos o prazer que o poder pode nos dar ou a fama que os nossos atos podem alcançar. É típico de nosso modo de pensar, que passa de gerações para gerações.
 
Quem é altruísta faz tudo pelo próximo sem esperar nenhuma recompensa. Ele não quer ser reconhecido por ninguém. Ele não quer os aplausos vazios e sem significado das pessoas. Ele não quer nenhum tipo de gratidão. Ele apenas o faz porque ama o outro. E, se a situação permitir, ele ainda pratica o ato de bondade sem que a pessoa que o recebeu saiba de quem veio.
 
Isso é altruísmo. É não esperar nada em troca, é termos atos de amor e praticá-los para ajudar alguém, para fazer a pessoa feliz. Você não quer retribuições, reconhecimento nem sequer um “obrigado” daquele que foi ajudado. Você simplesmente se torna feliz ao ver a felicidade no rosto da pessoa.
 
Isso me lembra de uma passagem dos evangélicos bíblicos que narram a vida de Jesus, quando ele ministrou uma das maiores palestras, ou, digamos, um dos maiores ensinamentos já registrados pela humanidade: o famoso “sermão do monte”.
 
Jesus salienta que amar quem você ama é muito fácil, amar quem gosta de você e fazer o bem a esse indivíduo é muito simples. Difícil é praticar o amor com quem você não gosta, não conhece ou com quem não gosta de você.
 
Em outro ponto desse sermão, Jesus frisa a questão do altruísmo, fazendo uma comparação com um jantar. Ele diz que se você quiser oferecer um jantar para agradar aos outros, muito bem, que o faça. Mas faça isso para as pessoas pobres, que não têm condições de retribuir o feito, das quais você não pode exigir gratidão pelos seus atos.
 
Não estou dizendo para você sair e convidar para jantar ou almoçar em sua casa todos os moradores de rua de sua cidade. Não! Ficou bem claro, na instrução de Jesus, que a essência do amor e do altruísmo é fazer o bem sem esperar elogios, gratidão ou reciprocidade.
 
Você deve praticá-lo porque o sorriso do outro é o seu sorriso, a felicidade do outro se torna a sua felicidade.
 
Quando você entender que nada vale mais a pena do que esse sentimento, que essa sensação não pode ser trocada nem comprada por dinheiro algum, quando você o fizer sem esperar reconhecimento de pessoas medíocres, que nada têm a ver com a sua vida, e não esperar aplausos de uma sociedade decadente, você realmente entenderá o simples, singular, poderoso, inigualável e inexorável significado da palavra amor.
 
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*Rui Miguel cresceu em Contagem. É formado em engenharia de rede de computadores e especialista Microsoft. Tímido e paradoxalmente extrovertido. Misterioso e intrigante, mas com um senso de humor incrivelmente inteligente e sarcástico. Em 2007, teve os primeiros sintomas do Parkinson e, depois de seis meses, o diagnóstico foi confirmado. É autor do livro “Entrando no parkinson de diversões” e, em 2017, foi nomeado comendador e profissional do ano com o blog que fala sobre “como viver a vida e não apenas sobreviver”. Também possui um canal no YouTube onde trata do mesmo assunto.
 
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