Data de publicação: 07-01-2020 16:30:00 - Última alteração: 07-01-2020 16:30:51

É muito mais fácil fazer o bem!

Centro de Integração Empresa Escola de Minas Gerais -  CIEE
Foto: Internet/Reprodução
 
Rui Miguel*
 
“Sempre haverá mais ignorantes do que sabedores enquanto a ignorância for gratuita e a ciência, dispendiosa”.
Marquês de Maricá
 
Quando falamos em educação, atingimos o brio de muitas pessoas. Eu não estou falando baseado em conhecimento, mas em sabedoria, em saber lidar com situações do dia a dia de forma amorosa.
 
Para muitas pessoas, ser educado com os outros é se rebaixar à insignificância deles. Tratar o outrem de forma gentil é se desnivelar ao nível dele. Por que eu tenho que ser educado se posso ser pré-potente? Ou melhor: se eu posso ser “potente”?
 
As pessoas respeitam mais quem é bravo e mal educado. Por isso a palavra “prepotência” se encaixa aqui. O sujeito acha que vai conseguir manter o poder sobre os outros por meio de sua forma errada de encarar o próximo. E acredita que incutir medo seja a melhor maneira de chegar lá.
 
O poder sempre influenciou as pessoas e continuará influenciando. Com o que você gasta mais energia da sua mente e, consequentemente, do seu corpo: quando você é gentil e bem educado ou quando você tenta dar uma resposta atravessada, que gera incômodo a quem ouve – e também a si mesmo?
 
Imagine-se em uma situação comum do nosso dia a dia. Você está no trânsito, dirigindo o seu carro em meio ao caos. É uma terça-feira à tarde. O sol está causticante e você começa a perder o humor, pois já está dentro do veículo há mais de uma hora e meia. De repente, alguém o fecha. Logo você pensa que é um oportunista querendo passar em sua frente, um engraçadinho que quer levar vantagem sobre o outro e que não respeita nada ou ninguém. Sua pressão sobe, sua raiva é aparente. Sua face demonstra a cólera e a repulsa que te apoderam. Nesse mesmo momento, tomado por uma ira incontrolável, você abre o vidro e pronuncia em palavras toda a sua indignação, inclusive, sugerindo que a mãe da outra pessoa presta serviços profissionais eróticos remunerados.
 
A resposta que você tem é o outro dizendo que a sua mãe também trabalha nesse departamento sexual, mas ele manda você ir ao encontro dela, em referência ao momento do seu parto, mesmo não entendendo o motivo disso.
 
Nessa hora começa uma discussão acalorada sobre quem está certo? Não! Mas, sim, sobre quem sai com a última palavra, quem é o último a discursar, mesmo que sejam palavras de baixo calão. O importante é o seu orgulho vazio e sem objetivos sair dali vencedor. Isso vai te trazer mais satisfação, pois você vai ter a sensação de que tem sempre razão.
 
Já se passaram 30 minutos desde que você foi fechado. Você está irritado, atrasado e a sua paz foi embora. O seu dia acabou, definitivamente. Quando vocês reparam que não há mais nada a fazer, vocês voltam à consciência de exatidão e vão embora, cada um para o seu canto, mas com aquela sensação de que ficou alguma coisa entalada na garganta. E isso vai te incomodar o dia todo.
 
A minha pergunta é: valeu a pena?
 
Então, agora, vamos considerar essa cena com você praticando uma atitude diferente. Você se desvencilhando de todo o orgulho, mas sem esperar que a outra pessoa mude de atitude. Apenas você mudará a sua.
 
Você está dirigindo nas mesmas circunstâncias do exemplo anterior. Um homem fecha seu carro, quase colidindo com ele. E a sua reação agora vai ser abaixar o vidro para dizer algo a ele. O outro motorista, já esperando sua reação previsivelmente humana e contemporânea, também abaixa o vidro, já preparando uma resposta.
 
E o que você pronuncia? Apenas uma palavra. Posso dizer, sim, que é um “palavrão”, por se tratar de uma palavra muito forte. Você diz: DESCULPA, o erro foi meu.
 
A conversa – que, no caso, será um monólogo – acaba ali. E você, sem nenhuma ofensa, sem nenhuma guerra de nervos, vai embora.
 
Amados, não é muito mais forte pagar o mal com o bem?! Não daria muito menos trabalho fazer e praticar o amor?! Fazer o mal dispende de muito trabalho e tempo, tira a sua paz e não te leva a lugar nenhum. A vingança é trabalhosa, insana e não traz nenhum benefício lógico nem mensurável.
 
Quando damos importância e nos preocupamos com coisas tão fúteis, pequenas e mesquinhas, é porque falta matéria-prima em nossas vidas.
 
Tenha em mente que, por mais que a educação dependa muito da sua cultura, você não deve ser guiado por ela ou colocar a culpa na sua criação. A partir do momento em que você se torna ciente de seus atos e de seu desenvolvimento, a responsabilidade de ter uma educação humana e amorosa é inteiramente sua.
 
Não culpe o destino ou a sua origem pelos seus atos. Seria uma covardia com você mesmo e, principalmente, seria uma vergonha para o seu caráter, pois todo mundo pode se tornar uma pessoa melhor. Isso depende exclusivamente de você.
 
Se você quer que o mundo mude, não exija dele coisas que você mesmo não tem a capacidade nem a competência de fazer consigo mesmo. Dessa forma, você receberia espelhos de presente, mas a única coisa que conseguiria ver refletida seria um mundo doente.
 
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*Rui Miguel cresceu em Contagem. É formado em engenharia de rede de computadores e especialista Microsoft. Tímido e paradoxalmente extrovertido. Misterioso e intrigante, mas com um senso de humor incrivelmente inteligente e sarcástico. Em 2007, teve os primeiros sintomas do Parkinson e, depois de seis meses, o diagnóstico foi confirmado. É autor do livro “Entrando no parkinson de diversões” e, em 2017, foi nomeado comendador e profissional do ano com o blog que fala sobre “como viver a vida e não apenas sobreviver”. Também possui um canal no YouTube onde trata do mesmo assunto.
 
(O conteúdo dos artigos publicados pelo Diário de Contagem é de responsabilidade dos respectivos autores e não expressa a opinião do jornal.)
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