Data de publicação: 05-02-2020 18:29:00

A culpa não é do destino, é da sua exclamação!

Centro de Integração Empresa Escola de Minas Gerais -  CIEE
Foto: Internet/Reprodução
 
Rui Miguel*
 
“Temos o destino que merecemos. O nosso destino está de acordo com os nossos méritos.”
Albert Einstein
 
Pare de jogar a culpa da sua vida no “acaso”. Você tem que saber assumir a responsabilidade pelas suas ações, e que o que acontece com você tem muito menos a ver com o universo conspirando contra e mais com o que você está fazendo para as coisas darem certo.
 
Eu acredito, sim, em coincidências, mas não em coincidências programáveis.
 
Nós somos responsáveis por nossas atitudes e temos que arcar com as consequências das nossas decisões. Quando uma coisa que parece ruim acontece com você, em vez de creditar esse acontecimento ao destino, por que você não olha um pouco para trás e presta atenção em todos os seus atos?
 
Isso é como pensar no efeito borboleta. Resumindo-o de forma objetiva e popular, ele diz que o abanar de asas do beija-flor na América do Norte pode criar um tufão na Ásia. Como assim? Vejamos.
 
Você está no trânsito caótico da sua cidade. De repente, a gasolina acaba. Seu carro está parado e o posto de combustíveis está longe, a cerca de 2 km.  Você fica apreensivo em deixar o veículo em uma avenida movimentada. Então, surge uma ideia: você sai do carro, empurra-o com a ajuda de alguns transeuntes e deixa-o no acostamento. Isso, é claro, depois de várias buzinas no seu ouvido e de vários xingamentos em referência à sua mãe.
 
Mas, antes de deixar o carro, aparece para verificar o motivo do trânsito parado um agente da polícia rodoviária, que, ao notar que o problema é a falta de combustível, lhe aplica uma multa. Você fica irritado, mas aceita sem contestação. Então, você sai dali e vai em direção ao posto, mas precisa começar a correr um pouco mais, porque o tempo está fechando e você não quer se molhar, afinal, tem uma reunião importantíssima na empresa.
 
Chegando ao posto, eles não possuem nenhum compartimento para colocar a gasolina. Você vai a uma padaria local e compra dois refrigerantes de 2 litros – sua única saída. Quando você vai pegar o cartão de débito, constata que o esqueceu no carro e que no bolso tem apenas R$ 7, o que lhe permite comprar apenas uma garrafa. A marca não importa, apenas o compartimento. Você sai da padaria e joga toda a bebida fora, já que não conseguiria bebê-la de uma vez – nem há tempo hábil para isso.
 
De volta ao posto de combustíveis, coloca apenas 1 litro e meio de gasolina com o troco do refrigerante. Mas, como o carro é econômico, essa medida vai dar e sobrar para chegar ao posto mais próximo. Com a gasolina em mãos, você volta para o carro. No meio do caminho, o tempo já está bem fechado e a chuva é iminente. Após alguns minutos, começa uma chuva torrencial. Nesse dia, chove cerca de 40% do total esperado para o mês inteiro.
 
Agora, você não está mais preocupado com a roupa, porque já está encharcado. Mas tudo bem, basta trocá-la para a reunião. Depois de ir correndo e cansado debaixo de chuva, você chega perto de onde está o carro. De longe, verifica que alguma coisa está errada. Você não reparou, mas pouco antes de onde ele parou havia uma placa de advertência dizendo: “Em caso de chuva forte, não permaneça neste local. Risco de inundação”. Agora, você de longe assiste o seu carro sendo coberto até meia altura do pneu pela água. Você respira fundo e pensa: “tudo bem, a chuva está diminuindo, vou esperar um pouco e sair daqui”. Mas a chuva não diminui e, em pouco tempo, você observa com um ar de desconsolo e de tristeza o carro ser arrastado, quase que submerso, por 30 metros avenida abaixo.
 
Então, você pensa: “não tem explicação. Tudo deu errado. Tudo! Isso é coisa do destino. Tinha que ocorrer”.
 
Mas não é culpa do destino, do acaso nem dos astros. A culpa é inteira e somente SUA.
 
Quando você saiu de casa, sua esposa falou: “amor, abastece antes de ir. O carro vai entrar na reserva”. Você protelou e achou que a gasolina daria para chegar ao trabalho sem problemas. E talvez desse. Mas você não contava que teria um acidente na marginal e que o trânsito estaria travado. Você arriscou, apostou na coincidência boa, de que tudo daria certo, mas não deu, e sua falta de responsabilidade e sua mania de resolver os problemas corretiva e não preventivamente fizeram você deixar de gastar R$ 20 com gasolina para perder um carro inteiro. E o mais engraçado de tudo isso: você estava indo de carro para o trabalho porque, antes da reunião, ia pagar o seguro, que estava atrasado.
 
Então, amados, não julguem a divindade nem joguem a responsabilidade nela pela sua inconsequente forma de lidar com os problemas. É lógico e evidente que existem situações que fogem do nosso controle, e, por mais façamos o certo ou o devidamente correto, existem coincidências que acontecem, sejam elas boas ou ruins. Isso são coincidências da vida, e temos que aceitar. Talvez tomemos decisões erradas hoje, mas amanhã elas nos trarão resultados benéficos.
 
É por isso que temos que entender e aceitar a vida como ela é. O que você pode controlar você deve e precisa fazê-lo. Já as coisas que não podemos controlar, que não são da nossa responsabilidade, infelizmente, temos que aceitar. Essa aceitação é vital para você viver nesse mundo incompreensível e caótico. Se tentássemos entender a lógica dele, ficaríamos insanos.
 
Ser humilde e aceitar não é ser subserviente. Aceitar é entender que existe o bem e o mal, o ruim e o bom, a felicidade e a tristeza. A questão é saber de que lado você está. A decisão é totalmente sua.
 
--
 
*Rui Miguel cresceu em Contagem. É formado em engenharia de rede de computadores e especialista Microsoft. Tímido e paradoxalmente extrovertido. Misterioso e intrigante, mas com um senso de humor incrivelmente inteligente e sarcástico. Em 2007, teve os primeiros sintomas do Parkinson e, depois de seis meses, o diagnóstico foi confirmado. É autor do livro “Entrando no parkinson de diversões” e, em 2017, foi nomeado comendador e profissional do ano com o blog que fala sobre “como viver a vida e não apenas sobreviver”. Também possui um canal no YouTube onde trata do mesmo assunto.
 
(O conteúdo dos artigos publicados pelo Diário de Contagem é de responsabilidade dos respectivos autores e não expressa a opinião do jornal.)
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