Data de publicação: 14-02-2020 19:01:00 - Última alteração: 14-02-2020 19:04:44

Por uma educação pública de qualidade

Centro de Integração Empresa Escola de Minas Gerais -  CIEE
Foto: Internet/Reprodução
 
Sebastião Alvino Colomarte*
 
Os desafios da educação brasileira são muitos e a desigualdade social nesse setor é cada vez maior. Promessas de melhoria de qualidade encabeçam as propostas de candidatos a governos, mas nada de concreto ocorreu até hoje. De acordo com Priscila Cruz, presidente do movimento “Todos pela Educação”, não existe a menor possibilidade de o Brasil crescer e se desenvolver se não resolver a questão da educação pública.
 
Outros especialistas em educação, como o professor Cláudio Moura e Castro, têm abordado exaustivamente o tema, alertando os governos sobre o baixo nível da educação pública. Por outro lado, a Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) estabelecem as responsabilidades dos governos federal, estaduais e municipais quanto ao papel de cada ente público.
 
A Constituição Federal, em seu artigo 206, item VI, garante o ensino de qualidade para todos. Como oferecer e garantir a qualidade na educação? Essa questão não fica clara e vem gerando muitas dúvidas. No Estado de Minas Gerais, por exemplo, segundo consta, a Secretaria da Educação é responsável pelo ensino médio, cabendo à Secretaria de Ciências e Tecnologia cuidar da educação superior, do ensino técnico e do profissionalizante. Mas o que ocorre na realidade é que muitos munícipios, que teriam que direcionar seus recursos para a educação básica, são levados a atender o ensino médio, sob pena de terem seus jovens alijados das escolas, já que faltam vagas.
 
E se o município tivesse sob sua responsabilidade a gestão administrativa, financeira e pedagógica das escolas, assim como já ocorre em maior escala com o ensino infantil? Acredito que no médio e no longo prazos a qualidade da educação poderia apresentar melhoria, uma vez que esses recursos, com uma fiscalização competente, seriam canalizados para atender a demanda e os anseios da população local.
 
As mudanças do mundo contemporâneo são velozes e exigem cada vez mais preparo e qualificação dos jovens. Porém, o que a sociedade vem constatando, ano após ano, é a mesma cena: o governo não consegue atender a demanda crescente da população por uma educação de qualidade e faltam vagas, principalmente naquelas escolas tidas como de excelência. Neste ano, por exemplo, vimos longas filas de pais para conseguirem matricular seus filhos.
 
Assim como nos tornamos intolerantes em relação à inflação alta e à corrupção, temos de ser intolerantes também com a baixa qualidade da educação no Brasil. Existem algumas ilhas, como escolas particulares e algumas universidades públicas, que oferecem um ensino de qualidade, mas a maioria fica alijada desse processo.
 
Os pais enfrentam dificuldades para matricular seus filhos e são tratados como coitados. Eu também já passei por isso, correndo para tudo quanto é lado sem conseguir matricular meus filhos. A falta de uma educação pública de qualidade e inclusiva aumenta a desigualdade entre o ensino público e o privado, já que o modelo atual não atende às necessidades desses estudantes.
 
Haverá eleições municipais neste ano e, daqui a dois anos, eleições para presidente da República, governadores, senadores e deputados federais e estaduais. Por isso, esse é o momento de cobrarmos compromissos de mudanças, fazendo pressão sobre os atuais e os futuros governantes e parlamentares. Com o empenho de todos, considero plausível reverter o quadro caótico do ensino público de hoje. A educação neste país não pode nem merece ser tratada como um investimento supérfluo e sem retorno.
 
*Professor e diretor-presidente do Centro de Integração Empresa-Escola de Minas Gerais (CIEE/MG)

(O conteúdo dos artigos publicados pelo Diário de Contagem é de responsabilidade dos respectivos autores e não expressa a opinião do jornal.)
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