Data de publicação: 19-03-2020 19:00:00

Mas é claro que o sol vai voltar amanhã

Centro de Integração Empresa Escola de Minas Gerais -  CIEE
Foto: Internet/Reprodução
 
Rui Miguel*
 
Nós vamos sobreviver e tudo vai voltar ao normal. Isso é certo e iminente. A Itália voltará ao normal, bem como sua beleza, seu turismo e seu charme. Madri voltará a ser encantadora e apaixonante. O comércio voltará a abrir, as escolas voltarão a funcionar e os clientes assíduos dos bares voltarão a tomar aquela cervejinha na segunda-feira de manhã.
 
Não estamos no fim do mundo nem o Armagedom está chegando. Também não foram os ETs que jogaram esse vírus modificado na Terra para matar a todos – já que eles teriam um jeito muito mais fácil de fazer isso. Muitos acham que foi a China que criou o vírus como apoio à Rússia, outros acreditam que os Estados Unidos o implantaram. Não sou economista e não posso dizer o impacto disso futuramente, mas... Calma!
 
O que estamos vendo na TV e nos jornais não é um alarde desnecessário, e, sim uma demonstração de como o homem está cada vez mais unido e globalizado para enfrentar uma crise que envolve nós, humanos, a nossa saúde e o que nós somos, e não o que nós temos.
 
Realmente é uma pandemia. A única e melhor solução nesse caso, segundo as nações experientes, é não sair de casa. Mas isso quer dizer que o vírus é altamente mortal? Sim e não. Vou explicar.
 
Se formos analisar friamente em questões de mortalidade a gripe comum – essa que nós pegamos algumas vezes por ano e que é curada depois de sete dias regados a chás de limão, mel e cama –, veremos que essa doença tão inofensiva matou cerca de 1.600 pessoas por dia no ano passado. Isso mesmo: a gripe comum mata muito mais por dia do que o novo vírus.
 
Mas isso quer dizer que não devemos nos preocupar? É lógico que devemos nos preocupar. Essa doença é altamente contagiosa, vem se espalhando de uma maneira abrupta e matando pessoas que já possuem doenças crônicas respiratórias, e, somada à idade, ela se torna ainda mais letal.
 
No entanto, temos que admitir que estamos vivenciando um fato histórico. Quando é que vimos, na história da humanidade, as pessoas sendo tão preventivas, tomando medidas drásticas para evitar uma crise maior de saúde? Quando é que imaginaríamos que todos os maiores centros comerciais, turísticos e de valores fechariam as portas com uma antecedência incrível com o intuito de evitar um impacto maior da doença? Quando é que presenciamos os governos e as pessoas mais preocupados com a grande mortalidade do que com o desenvolvimento financeiro, o trabalho ou a economia?
 
Estamos vivendo numa era globalizada em que a informação é tão rapidamente difundida que nos ajuda a tomar decisões sérias e rápidas sem perdermos a razão. O homem está começando a entender que ser orgulhoso e achar que é o centro do universo não fará com que ele sobreviva. Para sobreviver a uma catástrofe, a humanidade tem que se manter alinhada no sentido das informações e da confiabilidade.
 
Nenhum investimento fez com que o presidente dos Estados Unidos – nem qualquer outra nação do mundo que faça parte do grupo da ONU ou os mais desenvolvidos – deixasse de fechar os maiores pontos turísticos e as fronteiras e impedisse o ir e vir internacional.
 
Esses líderes poderiam ser orgulhosos e não admitirem que um país tão rico pudesse ser invadido ou devastado por um vírus; ou ao acreditarem que o sistema de saúde e infectologia seria suficiente para lidar com isso. Mas eles não fazem isso, pois sabem que estão lutando contra um inimigo em comum e invisível. Eles agiram certo. Todos tomaram decisões rígidas para conter o vírus. Tiveram um pensamento para o longo prazo. Importaram-se mais com o amanhã e com a população do que com o hoje e em como a nação seria afetada economicamente.
 
Essa é a grande notícia. A humanidade está agindo, de alguma maneira, de forma preventiva e não corretiva. Numa era em que o futuro pouco importa para os grandes empresários de madeira que derrubam florestas sem licenciamento, as indústrias que poluem o ar, as cidades que poluem o mar, as pessoas que matam e extinguem animais silvestres sem nenhuma consciência ou os empresários que não ligam para o aquecimento global, pois não estarão vivos para assistir às consequências de seus atos, todos se juntaram para evitar uma epidemia maior. Isso mostra que, por mais que não pareça, estamos evoluindo.
 
Sabemos que a tendência humana, devido ao seu erro de perspicácia, é a destruição. Somos nós os únicos que podem acabar com a nossa própria espécie. Somos, por erro de genética, autodestrutíveis.
 
Teremos e aprenderemos muito com essa crise e, assim como ocorre em todos os problemas que enfrentamos no dia a dia, quando sairmos desse de maneira firme e convicta, nos tornaremos mais fortes para os problemas futuros. Estamos entendendo que só conseguiremos superar unidos e demonstrando amor genuíno pelo próximo. Estamos aprendendo a ser humanos, e não apenas a existir e sobreviver.
 
Não se preocupe: tudo passa. Tudo sempre passará.
 
--
 
*Rui Miguel cresceu em Contagem. É formado em engenharia de rede de computadores e especialista Microsoft. Tímido e paradoxalmente extrovertido. Misterioso e intrigante, mas com um senso de humor incrivelmente inteligente e sarcástico. Em 2007, teve os primeiros sintomas do Parkinson e, depois de seis meses, o diagnóstico foi confirmado. É autor do livro “Entrando no parkinson de diversões” e, em 2017, foi nomeado comendador e profissional do ano com o blog que fala sobre “como viver a vida e não apenas sobreviver” (www.ruimiguel.com.br). Também possui um canal no YouTube onde trata do mesmo assunto.
 
(O conteúdo dos artigos publicados pelo Diário de Contagem é de responsabilidade dos respectivos autores e não expressa a opinião do jornal.)
Comentários

Charge


Flagrante


Boca no Trombone


Guia Comercial


Enquetes


Previsão do Tempo


Siga-nos:

Endereço: Av. Cardeal Eugênio Pacelli, 1996, Cidade Industrial
Contagem / MG - CEP: 32210-003
Telefone: (31) 2559-3888
E-mail: redacao@diariodecontagem.com.br