Data de publicação: 06-04-2020 15:52:00 - Última alteração: 06-04-2020 15:52:48

Aumento da procura leva a desabastecimento de gás

WRV Produções
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
 
Agência Brasil
 
Em uma semana normal, a venda de gás na pequena venda do Avelino Fogaça de Lima, em um condomínio residencial em Brasília (DF), chegava a 120 botijões. Desde o início do distanciamento social preventivo ao novo coronavírus, no entanto, Lima notou um aumento significativo dos pedidos. Segundo ele, preocupados com a escassez do produto, os moradores da região passaram a estocá-lo.
 
“O problema é que passei a receber, em vez de 70 botijões a cada leva, apenas 20. Isso preocupou ainda mais os moradores, que acabaram reforçando ainda mais os estoques”, disse. Ele comercializa gás há 25 anos. “Agora, o que chega à loja é imediatamente vendido”, acrescenta.
 
De acordo com o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás), Sérgio Bandeira de Mello, houve um aumento “surpreendente e inesperado” na procura por botijões da ordem de 25% nos últimos dez dias de março, comparado ao mesmo período do ano passado.
 
Efeitos momentâneos
 
De acordo com a entidade, a Petrobras não conseguiu responder com a velocidade adequada, gerando um atraso de dois a três dias para as entregas do produto. “Não sabemos como será o comportamento do consumidor nos próximos dias, mas os efeitos dessa corrida são momentâneos em função de pressões bruscas da demanda”, avalia o presidente do Sindigás.
 
Mello disse que o atraso no abastecimento foi mais sentido em São Paulo. “Um dos motivos foi a interrupção do funcionamento de um duto da Petrobras entre Santos e Mauá. Porém, a previsão de reinício da operação desse duto, que estava paralisado para manutenção, é hoje [segunda-feira] (6) ainda. A expectativa das distribuidoras é começar a receber carga de gás por meio dessa tubulação entre o fim do dia de hoje e amanhã [terça-feira] (7)”.
 
As dificuldades para abastecimento foram confirmadas pelo presidente do Sindicato das Empresas Transportadoras e Revendedoras de Gás (Sindvargas), Sérgio Costa. Segundo ele, “os caminhões de revendedores ficam na fila em frente às distribuidoras engarrafadoras até cinco dias esperando o produto para carregar”.
 
O Sindigás informou que as equipes das empresas distribuidoras e as revendas estão trabalhando com plena capacidade. “Portanto, não há razão para estocar GLP (gás de cozinha)”, garante o Sindigás, que fez um apelo para que o consumidor “compre de forma consciente, de modo que não falte gás para as famílias que precisam do produto para consumo imediato”.
 
Petrobras
 
À Agência Brasil a Petrobras alegou que, com relação ao gás, não há falta do produto, mesmo com a população tendo aumentado o consumo, por medo de desabastecimento. A estatal informou que, em março, as vendas de gás de cozinha  totalizaram 615 mil toneladas, 8 mil toneladas acima da quantidade inicialmente acordada com as distribuidoras.
 
Ainda segundo a Petrobras, houve, recentemente, queda de demanda por outros combustíveis – gasolina, diesel e querosene de aviação. Com isso, o processamento das refinarias foi reduzido e, no caso do GLP, a redução da produção será compensada por importação do produto. “As entregas estão garantidas”, afirma a estatal.
 
Por telefone, a assessoria da estatal informou ainda que os botijões vazios não estão voltando às distribuidoras, o que tem prejudicado o ciclo do produto. “Por esse motivo, nossa recomendação é que não se estoque botijões em casa”, alerta.
 
Sindicatos
 
O Sindigás e o Sindvargas contestam a justificativa apresentada pela Petrobras para a falta de botijões. “Não há falta de botijões. A maior prova disso são as longas filas de carretas formadas há dias, lotadas de botijões vazios, aguardando a chegada de produto”, diz o presidente do Sindigás.
 
"Não procede essa argumentação de falta de botijões. Basta ir aos centros de troca de vasilhames para ver. Há grande quantidade tanto nas distribuidoras como nas revendas", garante o presidente do Sindvargas.
 
Sérgio Costa disse ainda que um levantamento obtido por meio de um grupo integrado por sindicatos de todo o país aponta que as unidades federativas que se encontram em situação mais crítica – não por falta de botijões, mas por desabastecimento – são Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Bahia e Distrito Federal.
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