Foto: Instagram/Reprodução
Agência Brasil
O cantor e compositor Moraes Moreira foi encontrado morto na manhã desta segunda-feira (13) em casa, na Gávea, no Rio de Janeiro (RJ). De acordo com a assessoria de imprensa do músico, que tinha 72 anos, ele teve um infarto agudo do miocárdio e morreu às 6h.
A assessoria informou ainda que seguindo as recomendações de distanciamento social para combate à pandemia do novo coronavírus, a família não irá divulgar a data nem a hora do velório para evitar aglomeração. Eles pedem a quem quiser homenagear Moreira que siga escutando a obra dele.
Em Ituaçu (BA), o irmão Eduardo Moraes recebeu a notícia. Segundo ele, foi a governanta que encontrou o corpo. “Ele morreu em casa, onde morava, no Rio de Janeiro. A governanta foi limpar o apartamento e o encontrou morto”, disse.
De acordo com Eduardo, ele estava “sossegado, em quarentena e preocupado com a pandemia” da Covid-19.
Nascido em Ituaçu, Antônio Carlos Moraes Pires, conhecido como Moraes Moreira, é ex-integrante do grupo Novos Baianos, composto por Baby do Brasil, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor, Dadi e Luiz Galvão, entre outros, e seguia carreira solo desde 1975.
Foi Paulinho Boca de Cantor que entrou em contato com a família de Pepeu Gomes na manhã desta segunda-feira. A esposa dele, Simone Sobrinho, atendeu o telefone. “Recebi essa notícia da esposa dele, porque ele estava passando mal. Eu fiquei toda trêmula”, disse Simone. Pepeu ainda dormia.
História
Em um áudio, Paulinho Boca resumiu não apenas a dor que sente pela partida de Moreira, mas a alegria que foi compartilhar anos ao lado do músico.
“A gente se falava todos os dias. As nossas ligações, geralmente, ou eram para falar de trabalho ou eram para dar muita risada de tudo, risada da vida, risada da nossa história”, diz Paulo Roberto Figueiredo de Oliveira, mais conhecido como Paulinho Boca de Cantor.
Em um momento em que, segundo Paulinho, a humanidade percebe que não pode ter controle sobre nada, “é importante que a gente fale desse amor, dessa coisa que começou há 50 anos, quando encontrei ele”, diz. O encontro resultou no grupo Novos Baianos. “Fomos fazendo aquela outra família, que não existia ainda, que não tinha laços sanguíneos, mas que tinha uma afinidade tremenda. E a afinidade veio exatamente dessa alegria, dessa coisa que permanece até hoje”.
Ele também exaltou o amigo, que conseguia fazer um show de voz e violão como ninguém e que botava “todo mundo para dançar”. “Nós somos Novos Baianos, mas eu gostaria até de brincar e dizer que somos usados. Usados baianos. Porque a gente vive intensamente. O Moraes viveu intensamente: a música, a festa, a alegria, o carnaval”.
A morte repercutiu nas redes sociais, com dezenas de mensagens do Brasil e do exterior em homenagem a Moraes Moreira, de artistas, políticos e fãs.
Moreira ainda produzia até dias atrás. Em uma das últimas postagens que fez nas redes sociais, ele falava sobre o período de distanciamento social. “Oi, pessoal, estou aqui na Gávea, entre minha casa e o escritório, que ficam próximos. Cumprindo minha quarentena, tocando e escrevendo sem parar”.