Data de publicação: 26-06-2020 12:28:00

O presente que realmente faz sentido

Centro de Integração Empresa Escola de Minas Gerais -  CIEE
Foto: Internet/Reprodução
 
Rui Miguel*
 
“A melhor maneira de ser feliz é contribuir para a felicidade dos outros.”
 
Confúcio
 
Amados, não sou de receber presentes de amigos nem de família, muito menos de desconhecidos. Não comemoro aniversário nem Natal, festa junina nem dia dos pais ou das mães, dia das crianças, dia do bombeiro, do carpinteiro, do engenheiro, do arquiteto, do médico, dos homens magros e carecas... Bem, vocês entenderam.
 
Então, não tenho costume de ganhar presentes. Porém, quando ganho qualquer presente – eu disse qualquer presente –, independentemente do peso financeiro ou da importância utilitária, eu fico extremamente emocionado. E não faz nenhuma diferença se você me der um celular de última geração ou um ímã de geladeira comprado durante uma viagem à praia.
 
Você deve estar pensando: “Até parece que ele não faz distinção”.
 
Eu não faço! E vou explicar por que.
 
Uma pessoa viaja com a família para a praia ou para o interior para visitar parentes, para outro país ou vai ali mesmo, para Porto Seguro, não importa. Imaginem essa pessoa na praia, por exemplo. Ela está com o namorado, a namorada ou afim, junto à família, feliz, com várias coisas para se distrair. Tem sol, gente bonita passando, água de coco geladinha, sobrinhos, irmãos, pai, mãe, sogra e sogro, aquela festa na areia, aquele luau no fim da noite com um dos irmãos tocando violão, a pessoa se bronzeia, cansa, dorme, come a toda hora aquele milho verde ou um peixinho na brasa, rodeada de pessoas com as quais não fala ou não se encontra há meses, e, no meio disso tudo – pense bem, no meio disso tudo –, essa pessoa parou o que estava fazendo e simplesmente pensou:
 
– Vou levar uma lembrança para o Rui. Vou levar um ímã de geladeira.
 
Entendem porque não importa a mensuração do presente? O valor é irrisório, ridículo e completamente fora de contexto comparado à importância que aquele presente tem.
 
A pessoa tinha tudo para não precisar pensar em nada, milhares de coisas legais para fazer. Ela não tinha a obrigação – e ninguém tem – de levar presentes. Mas essa pessoa parou por cinco minutos, em meio a tudo de bom que a rodeava, e os dedicou a mim. Isso não é extraordinário?
 
Essa é a beleza do presente sem datas, sem obrigações, sem um calendário folclórico e pagão que obriga as pessoas a se lembrarem de que você existe porque o Facebook ou o calendário do Google as alertou sobre o meu aniversário e elas, agora, se sentem na obrigação de me presentear.
 
Quando se é presenteado sem nenhum rótulo comercial, religioso ou cultural, quando se é lembrado sem datas específicas, é porque você realmente está fazendo a diferença na vida de uma pessoa. E o que pode ser mais intenso e gratificante do que saber que você é importante para alguém, que você faz a diferença?!
 
Valorizem as pequenas coisas da vida. Isso, sim, nos proporciona aqueles intensos momentos felizes que valem a pena.
 
--
 
*Rui Miguel cresceu em Contagem. É formado em engenharia de rede de computadores e especialista Microsoft. Tímido e paradoxalmente extrovertido. Misterioso e intrigante, mas com um senso de humor incrivelmente inteligente e sarcástico. Em 2007, teve os primeiros sintomas do Parkinson e, depois de seis meses, o diagnóstico foi confirmado. É autor do livro “Entrando no parkinson de diversões” e, em 2017, foi nomeado comendador e profissional do ano com o blog que fala sobre “como viver a vida e não apenas sobreviver” (www.ruimiguel.com.br). Também possui um canal no YouTube onde trata do mesmo assunto.
 
(O conteúdo dos artigos publicados pelo Diário de Contagem é de responsabilidade dos respectivos autores e não expressa a opinião do jornal.)
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