Data de publicação: 03-07-2020 16:20:00 - Última alteração: 03-07-2020 16:20:24

Música, educação e esperança

Centro de Integração Empresa Escola de Minas Gerais -  CIEE
Foto: Internet/Reprodução
 
Sebastião Alvino Colomarte*
 
A música, assim como qualquer arte, acompanha, historicamente, o desenvolvimento da humanidade. Antes mesmo da descoberta do fogo, o ser humano já se comunicava por meio de sinais e ritmos. Os registros mostram que, nos tempos da colonização no Brasil, os jesuítas ensinavam música às crianças e aos adolescentes. Cientistas já comprovaram que a música contribuiu com o cérebro para formas superiores de raciocínio.
 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB – nº 4024/1961) trouxe a novidade do ensino da música no Brasil. Mas, após uma ausência de quase 30 anos nos currículos, com a nova LDB (Lei 9394/1996), o ensino das artes, incluindo a música, voltou como componente curricular obrigatório em todos os níveis da educação básica. Na realidade, essa obrigatoriedade somente ocorreu após a promulgação da Lei 11.769/2008, mas existem muitos obstáculos para se implantar aulas de música nas escolas. Há carência de profissionais capacitados, salas adequadas e instrumentos musicais, além da falta de vontade de autoridades, diretores e professores para levar o projeto adiante.
 
Mas, afinal, para que música na escola? Essa pergunta é respondida pela pedagoga e mestre em educação musical pela UFMG Andreia dos Reis Stanislau, que defendeu, em fevereiro deste ano, a tese “A musicalidade na educação”. Tive o prazer de acompanhar a minha esposa, Maria Gilda de Castro Colomarte, que foi professora de alfabetização da Andreia, para assistir à defesa de sua tese de mestrado, que se deteve nos aspectos históricos e geográficos da música no Brasil, sendo que o foco principal, como exemplo prático, foi o denominado Clube da Esquina, um movimento musical que surgiu no bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte, nos anos 60 e cujo expoente é o cantor e compositor Milton Nascimento.
 
Segundo Andréia, a música na escola faz parte da disciplina educação artística, sendo uma alternativa que oferece condições a crianças e jovens de tomarem contato prazeroso e efetivo com a própria musicalidade. Dependendo de como é vivenciada, a prática musical se apresenta como um laboratório privilegiado para o exercício de determinadas qualidades, como paciência, gentileza, relativização da competição, escuta de si mesmo e do outro e em toda a sua formação.
 
Devemos ter ciência de que o papel da música na escola não é o de formar músicos, mas ser uma ação transformadora e humanizadora. Para tal, é preciso investir na formação musical dos professores e especialistas para que eles tenham consciência e autonomia na elaboração de projetos pedagógicos.
 
No Brasil, Minas Gerais é o único Estado que conta com aulas de música na rede pública. Especialistas defendem a importância dela como disciplina curricular, pois auxilia o aluno no desenvolvimento psicológico e emocional. A professora e pedagoga Andréia comprovou isso na sua tese, pesquisando e acompanhando uma escola pública que obteve bons resultados com a prática.
 
A música alegra, descontrai o ambiente e valoriza o trabalho em equipe. É reconhecida no meio acadêmico como um valioso recurso didático-pedagógico. Nos anos 60, integrei a banda de música do 9º Batalhão da Polícia Militar de Minas Gerais como segundo pistonista e, por isso, sei que é preciso valorizar – e muito – os educadores da área de ensino das artes em geral, especialmente os da música.
 
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*Professor e diretor-presidente do Centro de Integração Empresa-Escola de Minas Gerais.
 
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