Data de publicação: 10-07-2020 13:16:00

Consegui meu equilíbrio cortejando a insanidade

Centro de Integração Empresa Escola de Minas Gerais -  CIEE
Foto: Internet/Reprodução
 
Rui Miguel*
 
“Ninguém sabe a que podem levar os acontecimentos, a compaixão, a indignação, ninguém conhece o seu grau de inflamabilidade. Pequenas circunstâncias miseráveis tornam miserável; geralmente não é a qualidade, mas a quantidade das vivências que determina o homem baixo ou elevado, no bem e no mal.”
 
Nietzsche
 
Por que todos nós temos que ser iguais? Isso é o que me decepciona nos seres humanos. As pessoas vivem por viver ou sobrevivem e esperam a morte chegar. Ou melhor: muitos não vivem nem sobrevivem, mas, sim, fazem tudo apenas para adiar a morte.
 
Muitas pessoas pensam:
 
— Eu não vou mudar as coisas, porque elas são assim. Eu não vou ser diferente, porque não dá certo. Eu não vou me arriscar, porque é mais fácil lidar com o certo, que é confiável, do que me projetar para voos desconhecidos.
 
E por quê? Porque somos covardes. E é essa covardia que nos leva a ter uma vida tão certa e tão sem sentido, muitas vezes.
 
Se você perguntar para cada um, a resposta vai ser sempre a mesma: precisamos do medo, precisamos do frio na barriga, pois, do contrário, não seremos competentes o suficiente.
 
Cada um tem a sua particularidade, cada um tem a sua excentricidade, cada pessoa possui uma característica que nos afasta ou que nos aproxima. É nesse momento que entram o nosso egoísmo e a nossa falta de empatia, seguidos de uma preguiça de amor ao próximo.
 
Nossas amizades normalmente são construídas em bases iguais, em sentimentos iguais ou quando as características de uma pessoa são muito parecidas com as nossas. E por que isso é mais atrativo? A resposta: é mais fácil lidarmos com pessoas que nos apoiam ou concordam com os nossos gostos e prazeres do que com aquelas que têm algumas diferenças que talvez não nos agradem.
 
Temos a tendência de nos aproximarmos de pessoas que são parecidas conosco. Somos desinteressados em tentar construir uma amizade verdadeira. Somos preguiçosos em tentar entender como lidar com uma pessoa que é diferente de nós. Somos estúpidos ao ponto de acharmos que certos tipos de comportamento são um motivo para não conhecermos melhor o outro.
 
Em vez de fugirmos de amizades que serão muito significantes para nós por causa de um defeito que se apresenta, por que não aprendemos a lidar com o próximo?
 
Não adianta. Ninguém muda. Vou repetir: ninguém muda. Então, não pense que a sua influência mudará uma pessoa. Isso não vai acontecer.
 
Aprenda a lidar com os problemas ou defeitos do outro e foque em tirar o que ele tem de bom. Todos nós temos nossos defeitos, erros e esquisitices que talvez apenas nós mesmos compreendemos e que não fazemos questão de explicar ou justificar porque são coisas nossas, de nosso próprio íntimo. E as pessoas precisam te compreender, correto? Então, que isso seja recíproco.
 
Se você conhecesse Bill Gates, Steve Jobs, Elvis Presley ou Michael Jackson em plena era criativa deles, muito provavelmente falaria que seriam loucos, que precisariam de tratamento psiquiátrico, pois as atitudes e pensamentos e também as excentricidades deles não condiziam com o que você – ou qualquer outra pessoa que se intitula normal – se encaixa.
 
Essas e outras pessoas foram lendas e mitos porque se destacaram, porque foram “dementes” na multidão. Pensaram o que nunca ninguém tinha pensado, agiram sem pensar, foram de certo modo inconsequentes, não se deixaram ser guiadas por pensamentos rotineiros e vazios. São pessoas que fizeram a diferença.
 
Amados, quando passarem por problemas, vejam além deles. Foquem na solução. Não fiquem sobrecarregados pelos motivos, intenções, objetivos, tendências que o problema teve, mas se concentrem na solução. Ficar remoendo, tentando entender, buscando respostas e “porquês” não vai adiantar. Olhem, enxerguem e vejam além do problema. Objetivem-se na solução.
 
Não se apequene, não seja covarde, não deixe que digam que você não pode, aja diferente, seja diferente, viva a sua vida da melhor maneira possível, persista em fazer o bem, não se acostume com coisas ruins, não seja insensível, diga sim às mudanças, reinvente-se, saia da rotina, ame sem limites, chore, grite, e, se depois de tudo isso as pessoas apontarem o dedo para você e disserem que você é louco, simplesmente aceite.
 
Apenas a loucura de nossa existência nos permitirá vivermos e sermos pessoas melhores. E, por sabermos que toda a unanimidade é burra, temos que ser loucos para compreender, ter e sentir a verdadeira felicidade que nos dá vida e nos mostra o quanto é insensatamente certa e veraz a nossa loucura, e o quanto é verdadeira a insanidade do amor.
 
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*Rui Miguel cresceu em Contagem. É formado em engenharia de rede de computadores e especialista Microsoft. Tímido e paradoxalmente extrovertido. Misterioso e intrigante, mas com um senso de humor incrivelmente inteligente e sarcástico. Em 2007, teve os primeiros sintomas do Parkinson e, depois de seis meses, o diagnóstico foi confirmado. É autor do livro “Entrando no parkinson de diversões” e, em 2017, foi nomeado comendador e profissional do ano com o blog que fala sobre “como viver a vida e não apenas sobreviver” (www.ruimiguel.com.br). Também possui um canal no YouTube onde trata do mesmo assunto.
 
(O conteúdo dos artigos publicados pelo Diário de Contagem é de responsabilidade dos respectivos autores e não expressa a opinião do jornal.)
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