Data de publicação: 06-08-2020 17:02:00

Futuro da educação: desafios e novos rumos

Centro de Integração Empresa Escola de Minas Gerais -  CIEE
Foto: Internet/Reprodução
 
Sebastião Alvino Colomarte*
 
Dados recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que, em 2019, o Brasil contava com 19 milhões de analfabetos. São pessoas com 15 anos ou mais que não sabem ler e escrever nem mesmo um simples bilhete. Essa pesquisa mostra que o problema está concentrado em torno dos mais velhos, acima de 60 anos. Certamente, influenciam nesses resultados as desigualdades raciais e sociais. E a região Nordeste é campeã nesses quesitos.
 
Devido aos efeitos danosos da pandemia da Covid-19, muitos consideram que o ensino remoto (ou à distância) deve resolver todo o problema quando o assunto é educação, mas não é bem assim. Outra vertente acha que essa modalidade de ensino é fraca. Também não. Ela simplesmente é fruto da péssima qualidade do ensino de hoje.
 
Como educador e membro-fundador do Centro de Integração Empresa-Escola de Minas Gerais (CIEE/MG), sempre defendi um ensino de qualidade, seja ele público ou privado. O que ocorre é que entra governo e sai governo, apesar das promessas, a educação no Brasil nunca foi prioridade, sendo tratada como um bem supérfluo, que não rende votos. Não existe planejamento e a improvisação resulta em desastre. Educação boa é aquela minuciosamente planejada no médio e no longo prazos.
 
Quanto ao ensino presencial ou remoto, creio que ambos devem continuar. Com tempo e investimentos, poderemos passar a limpo as duas modalidades. Foi o que fez o Telecurso 2000, com aulas remotas pela televisão. Devemos deixar bem claro que não podemos condenar as novas tecnologias, mesmo porque o ensino remoto tem sua origem no presencial e está aí para ficar, mas precisa melhorar, e muito, em qualidade.
 
A Lei de Diretrizes e Bases para a Educação (LDB) prevê que o ensino remoto possa ser administrado a partir do ensino fundamental, enquanto que na educação infantil as atividades on-line não são validadas. Acredito que para aperfeiçoar esse sistema seja necessário promover alterações na legislação; fazer adaptações e/ou mudanças nos currículos; estabelecer novos critérios para a prática profissional; e preparar adequadamente os professores para dominar as novas tecnologias; além de introduzir novas técnicas para o material didático.
 
Quanto aos professores, eles terão dificuldades em conciliar o trabalho de casa com a criação dos filhos. Muitos terão que se adaptar às novas tecnologias e aprender a lidar com elas, e isso poderá afetar o lado emocional. Em relação aos alunos do ensino médio, eles normalmente têm conhecimento das novas tecnologias e podem caminhar sozinhos, desenvolvendo-se melhor com o ensino remoto.
 
Um dos graves problemas do distanciamento social proporcionado pelo ensino remoto é a falta de convívio dos estudantes com os colegas e os professores. Além disso, muitos jovens dividem a atenção no horário das aulas virtuais com as redes sociais. Há também a dificuldade de sanar dúvidas com o professor de maneira imediata. Nesse sentido, alunos mais tímidos terão um impacto negativo na aprendizagem.
 
Não há dúvida de que ambos os sistemas estão aí para ficar. Lembro ainda que o profissional do futuro, para ter mais oportunidades no mercado de trabalho, deve ter conhecimento inerente à sua área de formação, mas precisa ser multidisciplinar, flexível e saber lidar com os problemas.
 
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*Professor e diretor-presidente do Centro de Integração Empresa-Escola de Minas Gerais (CIEE/MG).
 
(O conteúdo dos artigos publicados pelo Diário de Contagem é de responsabilidade dos respectivos autores e não expressa a opinião do jornal.)
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