Data de publicação: 13-08-2020 12:03:00

A educação brasileira pede socorro

Centro de Integração Empresa Escola de Minas Gerais -  CIEE
Foto: Internet/Reprodução
 
Sebastião Alvino Colomarte*
 
Assim como o setor de saúde, a educação brasileira está na UTI e respira com a ajuda de aparelhos. E ela pede socorro há muito tempo, em função de uma imensa desigualdade social, que se aprofunda cada vez mais, e pela total falta de interesse do governo, já que não há uma política educacional eficiente. Esse cenário se agrava mais pela alta rotatividade de ministros da Educação nos últimos anos.
 
A situação se deteriorou devido ao descaso do qual o setor foi vítima nas últimas décadas. Hoje, como resultado, a educação padece da falta de investimentos e infraestrutura para atender com dignidade os nossos jovens. Do outro lado da moeda, ainda nos deparamos com a péssima remuneração dos profissionais, o que resulta em intermináveis greves no ensino público. Só para se ter uma ideia: em Minas Gerais, os poucos dias letivos deste ano foram tomados por greve dos docentes. E para piorar a situação, a pandemia da Covid-19, que atingiu a todos indistintamente, agravou a situação, já caótica, dos alunos menos favorecidos.
 
O universo escolar clama por ajuda, e não é de hoje. Ele tenta navegar contra a maré e cumprir sua vocação, mas enfrenta muitas dificuldades e escancara diferenças lamentáveis: separa os que têm dos que não têm oportunidade de frequentar uma escola particular.  E a tendência é que esse abismo aumente com a crise agravada pela pandemia, que vem assolando os empregos dos brasileiros e pressionando a rede pública de ensino, que tem que gerar novas vagas para abrigar os novos “sem-renda” para bancar a escola particular.
 
Mesmo com as atividades praticamente paralisadas devido à incapacidade de oferecer um ensino remoto de qualidade, ou mesmo por falta de ferramentas por parte dos alunos, a rede pública é a única alternativa para milhares de jovens. Por outro lado, esta crise acaba refletindo nas escolas particulares que, em busca de sobrevivência, são levadas a reduzir custos, com demissões de pessoal, já que a perda de alunos é uma realidade.
 
Quanto ao ensino remoto ou à distância, penso que ele é uma boa alternativa neste momento crítico de isolamento social. Mas, como educador e membro fundador do Centro de Integração Empresa-Escola de Minas Gerais (CIEE/MG), faço aqui algumas ressalvas: nas primeiras séries do ensino fundamental, é muito difícil a sua aplicação, já que o modelo ideal é o do ensino em tempo integral para que as crianças possam ter, além das necessárias aulas presenciais, o acompanhamento escolar, merenda, acesso às novas tecnologias e o essencial: tempo para brincarem e se relacionarem. Só depois de ter percorrido esse caminho é que o aluno da rede pública terá condições de absorver o ensino remoto.
 
Alerto, mais uma vez, que a educação se encontra abatida, pedindo socorro. Essa desigualdade tem se mostrado mais perversa. Por isso, não podemos assistir inertes ao desmonte da educação brasileira sob pena, se não houver atitudes firmes e urgentes, de o país pagar alto preço pelo descaso. Com a palavra, o ministro e os secretários estaduais e municipais de Educação.
 
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* Professor e diretor-presidente do Centro de Integração Empresa-Escola de Minas Gerais (CIEE/MG).
 
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