Data de publicação: 29-11-2021 15:34:00 - Última alteração: 29-11-2021 16:04:40

Ambientalistas da grande BH protestam contra o Rodoanel na represa Vargem das Flores

Centro de Integração Empresa Escola de Minas Gerais -  CIEE
Fotos: Robson Rodrigues

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Moradores e vários coletivos que lutam pela preservação do meio ambiente participaram neste domingo (28), do 2º Piquenique Vargem das Flores. O evento teve o objetivo de chamar a atenção da opinião pública para a importância de proteger a bacia hidrográfica local ameaçada pela construção do Rodoanel Metropolitano.

Os membros da sociedade civil organizada SOS Salve Vargem das Flores, Boi Rosado Ambiental, Associação de Proteção e Defesa das Águas de Vargem das Flores (Aprovargem), Fórum Popular de Cultura de Contagem, Frente Brasil Popular de Contagem, Coletivo ComElas, Movimento Salve Santa Luzia e SindUte Contagem, saíram em carreata da LMG-808 passando por vários bairros até chegar a prainha às margens da represa Vargem das Flores, no bairro solar do Madeira, em Contagem.


Por causa da chuva que caiu no início da manhã, o piquenique não foi possível, mas uma mesa de café da manhã foi preparada para as dezenas de participantes que compareceram para apoiar o ato social, ambiental, cultural e político.

Assim que a chuva cessou e o sol abriu, os discursos iniciaram e todos que quiseram tiveram o direito de fala resguardado. Bem diferente do que aconteceu na audiência pública realizada na terça-feira (23), no DER, em BH, que foi cancelada por falta de microfones.

Com o discurso unificado, os manifestantes enfatizaram que não irão trocar água por estrada. O movimento buscou apoio na Assembleia Legislativa de Minas Gerais e o presidente, deputado Agostinho Patrus afirmou durante a audiência pública realizada na Casa, na sexta-feira (26), que existem pontos obscuros na proposta do Rodoanel e propôs auditar todos os estudos.

“Vamos oficiar o Estado para que suspenda imediatamente todos os trâmites do processo relativo à construção do Rodoanel até que o projeto possa ser avaliado por técnicos da Casa e por outros especialistas independentes”, disse Patrus.

Mas os ambientalistas acreditam que se realmente for feita uma auditoria, os enormes impactos ambientais virão à tona e a obra poderá ser inviabilizada. Isso é, se a sociedade entender a magnitude da destruição que a nova via poderá causar e perceber que existem outras soluções mais viáveis e importantes que não impactarão os biomas das várias cidades. 

De acordo com a professora e integrante do movimento SOS Vargem das Flores,  Adriana Souza,  a represa Vargem das Flores está dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) Vargem das Flores e é responsável pelo abastecimento hídrico da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

“Não podemos aceitar que o Rodoanel, mais conhecido como “RodoMinério” destrua Vargem das Flores. O projeto apresentado pelo Governo do Estado pode comprometer a vida de até 500 mil famílias, conforme estudos feitos por especialistas independentes que acompanham a discussão. O traçado apresentado pretende passar dentro da APA Vargem das Flores e a obra pode induzir a ocupação urbana em Contagem e em várias outras áreas de preservação ambiental ao longo de todo o traçado, em cidades que também serão cortadas pela via. A obra poderá contribuir para secar nascentes e, consequentemente, a represa Vargem das Flores. Falta diálogo. O governo de Minas não quer ouvir os movimentos sociais e nem a população que será gravemente afetada”, afirmou a professora.


A geógrafa e presidente da Aprovargem, Dayse Reis, explicou que os estudos técnicos apresentados mostram que o rodoanel passará por áreas importantes como aquíferos, mananciais e matas em várias Áreas de Preservação Permanente - APP. “O governo não fez esse projeto pensando nos inúmeros impactos possíveis. É um projeto feito a toque de caixa que precisa ser melhor projetado e discutido com as cidades que serão impactadas”, ressaltou. 

O engenheiro químico, representante do movimento Salve Santa Luzia, José Alexandrino, disse que sua cidade também será impactada por um dos trechos do Rodoanel que começará em Ravena e cruzará todo o distrito de Santa Luzia. “Infelizmente a população de Santa Luzia, que será gravemente impactada, ainda não sabe o que pode a vir acontecer no municipio”. 

Na audiência pública da ALMG, Frei Gilvander Moreira, da Pastoral da Terra, disse que luta contra todo e qualquer tipo de alternativa de traçado do Rodoanel. Segundo ele, defender o próprio quintal é ser cúmplice da devastação que o traçado menos pior causará no quintal do vizinho, mas, que em breve, a devastação chegará no próprio quintal.

“Ao invés de RodoMinério, deveriam investir em melhorias no Anel Rodoviário, ampliar no transporte coletivo como o metrô e a reativação do transporte ferroviário de passageiros que interligava várias cidades da região metropolitana de Belo Horizonte, até o final da década de 1970. O Rodoanel não vai resolver o problema de mobilidade metropolitana. É uma obra eleitoreira, ecocida, hidrocida que pode levar desgraça a milhares de famílias”, disse.

Em nota, a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade de Minas Gerais - Seinfra, afirmou que mantém um diálogo constante com ambientalistas, sociedade civil e com as cidades que serão impactadas e que as reuniões técnicas e audiências públicas sobre o projeto estão disponíveis no canal da Seinfra no YouTube. Já a documentação referente ao projeto está disponível no site da Seinfra.

Mas a prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), cobrou o cancelamento de todas as audiências sobre o traçado do Rodoanel e pediu que o Executivo estadual analise melhor a proposta conjunta de Betim e Contagem. 

As audiências têm sido realizadas em locais distantes das comunidades que serão afetadas e a exigência dos ambientalistas e populações é que as reuniões sejam realizadas em todos os municípios por onde o rodoanel pretende passar. Isso porque o traçado proposto deve impactar diretamente mais de um milhão de pessoas das cidades de Belo Horizonte, Betim, Brumadinho, Contagem, Ibirité, Igarapé, Nova Lima, Pedro Leopoldo, Ravena, Ribeirão das Neves, Sabará, Santa Luzia e Vespasiano.


Para finalizar o ato, o cantor e compositor contagense “Chedinho”, levou música boa, alegria e cultura para o evento.

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