Data de publicação: 23-01-2022 22:24:00 - Última alteração: 24-01-2022 01:32:58

Mostra de Tiradentes discute mudanças do cinema em meio à pandemia

Foto: Divulgação

"Ceilândia: O passado hoje, o futuro agora" (Adirley Queirós - Homenageado na Mostra Tiradentes 2022)

A 25ª edição d a Mostra de Tiradentes acontece até o próximo sábado (29) e o tema deste ano é "Cinema em transição", que tem a proposta de promover uma reflexão sobre as mudanças que vêm ocorrendo no setor, diante das transformações econômicas e em meio à pandemia de covid-19 iniciada em março de 2020. 

Lila Foster, uma das curadoras da 25ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes, questiona: "O que vai ser do cinema? O que vai ser desse cinema que a gente concebe de forma tradicional que é a ida para uma sala, com ingresso pago?"

Os festivais de cinema foram duramente impactados pela pandemia do Covid-19 e precisaram recorrer à programação online nos últimos dois anos. Inclusive a Mostra de Tiradentes que chegou a anunciar um modelo híbrido, mas recuou diante do avanço da variante Ômicron, que se alastrou pelo mundo.

Há apenas uma semana para o início do evento, os organizadores comunicaram a transferência de formato para o ambiente integralmente virtual pelo site oficial da Mostra. A programação foi mantida com pouquíssimas alterações com todas as atrações gratuitas.

Serão apresentados 169 filmes brasileiros de 21 estados brasileiros, sendo 100 curtas e o restante médias e longas-metragem. O público deve ficar atento porque haverá uma janela de exibição para cada um deles, geralmente de 24 horas. A programação preparada pela Universo Produção, responsável pelo evento, conta ainda com oficinas, mesas de debate, performances audiovisuais, lançamentos de livros e exposição virtual.

Segundo Lila Foster, acreditava-se que teriam menos inscrições de longas, em 2022. Mas o volume se manteve, mesmo em meio à pandemia e com todas as mudanças do evento. “A chama do cinema brasileiro se manteve. Há quase uma década, o digital tem proporcionado as produções com estrutura mínima, com uma câmera digital e uma ilha de edição caseira, se tornou possível produzir filmes", disse Lila.

Lei Aldir Blanc

A Lei Aldir Blanc, aprovada em 2020 e nomeada em homenagem ao compositor que faleceu devido a complicações da covid-19, é uma ação emergencial específica que apoiou o setor cultural em meio à pandemia.

A União ficou responsável por repassar aos estados e municípios R$ 3 bilhões, que poderiam ser empregados de diferentes formas: renda emergencial aos artistas, subsídios para manutenção de espaços, empresas e instituições culturais, editais para realização de eventos ou para produção cultural, entre outros.


Raquel Hallak, diretora da Universo Produção e coordenadora-geral do evento

Segundo um levantamento da Mostra de Tiradentes, um total de 179 dos mais de 900 curtas-metragem inscritos foram financiados com recursos da Lei Aldir Blanc, representando algo em torno de 20%. 

Para Raquel Hallak, diretora da Universo Produção e coordenadora-geral do evento, a ação emergencial supriu parcialmente a suspensão de editais tradicionais e contribuiu para oxigenar o mercado, financiando inclusive filmes que não foram produzidos por processos tradicionais do cinema. 

"A Mostra de Tiradentes é um reflexo do cinema contemporâneo que revela quem está fazendo cinema e que imagens chegam até nós. O cinema em transição é um retrato do audiovisual de 2021 para 2022. Tivemos uma desarticulação das políticas públicas com os efeitos da pandemia, que paralisou o setor. Foi preciso se reinventar e acompanhar todas as mudanças. O objetivo é apresentar o cinema que dialoga com outras artes e explora novas linguagens e estéticas", explicou Hallak.

Streamings

As transformações do cinema em nível global passam pelas plataformas de streamings. De acordo com Lila, com o poderio financeiro dos grupos envolvidos, o sucesso seria alcançado de toda forma. “O isolamento social na pandemia facilitou a entrada das novas tecnologias em nossas vidas. Atualmente aceitamos muito mais assistir filmes online do que há dois anos”, explicou a curadora.

Ainda segundo Lilas, as mudanças tecnológicas e econômicas em curso, proporcionaram a chegada de diretores do cinema independente nesses espaços de streamings. A Mostra Tiradentes incluiu debates sobre o espaço do streaming e dos canais online que possibilitam novas oportunidades para o cinema independente.

Mostra Aurora

A Mostra de Tiradentes sempre estimulou as produções independentes. A Mostra Aurora, categoria específica para a valorização de novos cineastas, surgiu em 2008, na 10ª edição, e se tornou ponto alto da programação. O espaço dá visibilidade para os trabalhos inéditos de diretores que tenham até três longa-metragens no currículo. A Mostra Aurora se firmou como uma das mais importantes vitrines do evento.



Programação

A Mostra de Tiradentes foi criada em 1998 para colaborar com o chamado "cinema de retomada", expressão usada durante o reaquecimento da produção nacional, ocorrido na segunda metade da década de 1990. 

O evento se consolidou e passou a ser responsável por abrir anualmente o calendário audiovisual brasileiro. As discussões passaram a influenciar outros festivais ao longo do ano. 

A Mostra de Tiradentes conta com o apoio da Secretaria de Cultura e Turismo de Minas Gerais e do Ministério do Turismo, por meio da Secretaria Especial da Cultura. Com o tempo, se construiu a vocação de apoio à produção independente. 

A novidade de 2022 é o Conexão Brasil Cinemundi, uma versão itinerante do Brasil Cinemundi, iniciativa que acontece desde 2009 na capital mineira durante a Mostra CineBH, também realizada pela Universo Produção. Trata-se de um encontro internacional de coprodução, que reúne representantes da indústria mundial com interesse em co-produzir com o Brasil e conhecer pessoalmente projetos que muitas vezes não chegam até eles.

Entre os dias 24 e 29 de janeiro, acontecerá a categoria Work In Progress (WIP), quando serão apresentados filmes que estão na reta final para serem finalizados. "Alguns estão em processo avançado, estudando a forma de lançamento no mercado. Outros buscam sócios e recursos para finalizar. Essa é uma demanda da própria indústria que se alinha ao esforço do evento que deseja projetar o cinema brasileiro para o exterior”, explicou Raquel Hallak. 

Homenagens

O cineasta de Ceilândia, no Distrito Federal, Adirley Queiróz é o homenageado esse ano. Ele assina filmes como Dias de Greve (2009), Fora de Campo (2010), A Cidade é Uma Só? (2012), Branco Sai, Preto Fica (2014) e Era Uma Vez Brasília (2017), trabalhos que serão exibidos na programação do evento.

"Adirley é uma descoberta da Mostra de Cinema de Tiradentes. Ele ganhou a Mostra Aurora em 2012. Por isso, escolhemos o cineasta para representar esse tempo histórico do cinema brasileiro e os 25 anos do evento", finalizou Raquel Hallak.

Fonte: Agência Brasil - Rio de Janeiro
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