Foto: indicedesaude.com
Por Raquel Parenti de Almeida
Estado em que a pessoa, dependendo de algo para a satisfação de suas necessidades, é impotente para realizar a ação específica adequada para por fim à tensão interna. Esse estado de dependência é o protótipo da situação traumática geradora de angústia, influenciando a estruturação do psiquismo, levando à dependência em relação a algo que está fora.
A essa dinâmica de vida pode-se chamar de transtorno – um padrão persistente de vivência íntima ou comportamento que se desvia acentuadamente das experiências da cultura do indivíduo. Ao longo do tempo provoca sofrimento e prejuízo.
Para psiquiatras e psicólogos, a dependência química ou alcoólica é uma patologia (do grego, pathos = sofrimento); prejudica as relações familiares e de trabalho do indivíduo em nome de um desejo insaciável.
O tratamento com terapia e administração de medicamentos é longo e a maioria dos pacientes não persiste até a cura.
O preconceito em torno do vício dificulta em muito a procura por ajuda e os profissionais envolvidos acreditam que os toxicômanos não são iguais e que cada um tem uma razão para o consumo e também um modo de fazer isso e sair disso!
Ser ou não ser dependente ou usuário social depende mais de como a pessoa se relaciona com as drogas do que com a frequência com que faz uso dessas substâncias.
Em muitos momentos, a terapia voltada para a família surte efeito para o paciente, porque às vezes, ela não tem o distanciamento necessário para cuidar do doente, porque o usuário está doente. O objetivo é separar o indivíduo da droga, e a ideia em muitos momentos da intervenção profissional é fazer com que o usuário possa construir outras coisas nesses espaços, que estão sendo preenchidos pela droga.
Trabalhar no atendimento aos usuários de drogas e álcool não é tarefa das mais fáceis. O profissional da saúde precisa querer atuar nessa área, porque é uma rotina de vai e vem, na qual quase sempre o paciente começa o atendimento, some por algum tempo, reaparece, e assim vai. Vícios que dão prazer não são fáceis de serem trabalhados.
Muitas vezes o resultado não é o que se espera. O profissional da saúde deve abordar também a chamada codependência (depender do outro, “terceirizar”) que os familiares e amigos podem desenvolver, na convivência com o dependente químico ou alcoólico.
Os tipos de tratamento podem incluir: encontros semanais com o terapeuta, cuja abordagem pode ser a terapia cognitiva comportamental, a medicação com antidepressivos, os grupos de apoio onde os participantes compartilham suas histórias em busca de ajuda mútua.
A temática da dependência química e alcoólica ganha espaço nobre na mídia, que vem expondo a curta trajetória de vida da cantora Amy Winehouse. Perdas, danos e cenas deprimentes de uma exposição que mostrava sofrimento.
Os jornais trazem também a informação de nova legislação sobre a dependência química e alcoólica, com abertura de clinicas de tratamento, com mais leitos nos hospitais, e ações específicas de acolhimento aos dependentes.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, 4% das mortes ocorridas no mundo, cerca de 2,5 milhões de pessoas, são ocasionadas pelas bebidas.
A situação do usuário e qual a função da droga em sua vida, eis o desafio...