Data de publicação: 26-03-2012 00:00:00

Saúde em Contagem está na UTI

Jornal Diário de Contagem On-Line

FOTO: Robson Rodrigues 

CLIQUE AQUI E ASSISTA A MATÉRIA SOBRE SAÚDE NA CONTAGEM TV

Péssimas condições de trabalho, falta de estrutura, profissionais sobrecarregados, baixa qualidade dos serviços e descaso do poder público são os sintomas da saúde em Contagem.

Na sexta-feira (23), os servidores juntamente com o Sindicato Único dos trabalhadores da Saúde de Contagem (Sind-Saúde), fizeram uma paralisação de advertência em frente à prefeitura. Os funcionários empunhavam faixas, megafones e caixas de som para obrigarem o Executivo a negociar um aumento de no mínimo 15% e melhores condições de trabalho.

A diretora administrativa do Sind-Saúde, Maria de Fátima Oliveira falou sobre os desejos da categoria que levaram a protestar contra o desleixo do Poder Executivo. Fátima convive com a realidade do setor diariamente e esclareceu a dimensão do problema.

“Contagem não se perocupa com a saúde, não recebemos cursos especializados e ganhamos pouco. A prefeitura só se preocupa em maquiar os hospitais, mas a estrutura de trabalho não garante a qualidade para os usuários”.

Situação dos hospitais e UPAs

Enquanto, a prefeitura era tomada por manifestantes, os pacientes sofriam na fila de espera na Unidade de Pronto Atendimento do JK.  As pessoas aguardavam sentadas em cadeiras desconfortáveis e usando banheiro em péssimo estado. Alguns doentes reclamavam de dores e da espera de 9 horas.

Muitos doentes desistiram e foram para casa sem atendimento. Quem continuou esperando se revoltou, como Johnny Matheus de Castro, que havia chegado à unidade às 8 horas da manhã e às 17 ainda não havia sido atendido.

“A minha vontade era de entrar lá e quebrar tudo, mas a gente não pode fazer isso. Estou aqui o dia inteiro e eles não estão nem aí pra gente”.

Os relatos mostravam a situação grave da saúde pública do terceiro maior município do estado.  Uma das usuárias da UPA- JK, não quis ser identificada, mas criticou a situação dos hospitais da cidade.

“Esse hospital está uma porcaria, minha mãe está lá dentro com as pernas imobilizadas e passando mal, não tem uma maca para ela. Tem gente deitada no chão, os banheiros estão imundos. As praças da cidade estão enfeitadas, mas a saúde está horrível em Contagem”.

No corredor da unidade, de fato tinha um homem deitado no chão, e o banheiro estava em péssimo estado, não era possível nem trancá-lo.

Condições de trabalho

A prefeitura alega investir 27% do orçamento na saúde e diz não ter condições para aumentos de salário. Os pacientes não são bem atendidos e correm risco de morrer toda vez que precisam dos serviços.

Segundo os servidores, eles são obrigados a trabalharem em condições deploráveis, e se virarem como pode.

A técnica de enfermagem e conselheira municipal de saúde, Clélia Alves reclama da pressão que a categoria sofre para exercer o trabalho. Com anos de profissão vê que a vida do cidadão e do trabalhador é deixada de lado.

“No Hospital Municipal, trabalhamos numa sala apertada e insalubre todos os dias. No mês de março teve uma noite que seis pacientes morreram de AVC. Cerca de 70 % dos nossos óbitos são de AVC e não temos neurologista. Também não temos monitor cardíaco. Já aconteceu de pacientes sofrerem parada cardíaca e ninguém perceber. Para doenças contagiosas só temos uma sala, se há dois pacientes com doenças contagiosas, eles ficam juntos”, relata a servidora.

A enfermeira ainda reclama da injustiça que a classe sofre quando são noticiados os erros cometidos pelos profissionais.

“A mídia mostra um monte de erros da enfermagem, mas ninguém sabe as condições que a gente trabalha. Recebemos mal, trabalhamos sob pressão e ninguém se preocupa com a nossa saúde", completa.

Negociações

Mesmo com protestos e sofrimentos de pacientes, os servidores não conseguiram se reunir com a prefeita. Ninguém da Secretaria de Saúde apareceu para negociar. O único que entrou em contato com os manifestantes foi o secretário de governo, que não tem poder de decisão.

O Executivo encaminhou uma proposta de reposição de 100% do INPC, acumulado de maio de 2011 a abril de 2012, sobre o salário de abril para todos os servidores. O Sind-Saúde alega que isso não é negociação, é uma imposição.

Na sexta-feira (23) dia da advertência, a prefeitura recolheu a folha de ponto dos trabalhadores que pararam. Nesta segunda-feira (26), a folha não foi devolvida. Os servidores estão trabalhando normalmente, mas sem registro de presença. O dia será descontado.

O Sindicato disse que uma assembléia será realizada nesta terça-feira (27). Os servidores declararam que existe a possibilidade de nova paralisação.

O orçamento anual de Contagem gira em torno de R$ 1 bilhão e o governo alega que o investimento na saúde representa 27% do valor da arrecadação.

A Emenda 29 obriga que os municípios invistam no mínimo 15%. O questionamento que paira na cabeça dos cidadãos é sobre a gestão dessa verba. Dinheiro tem, e muito, mas como ele é gasto?

Comentários

Charge


Flagrante


Boca no Trombone


Guia Comercial


Enquetes


Previsão do Tempo


Siga-nos:

Endereço: Av. Cardeal Eugênio Pacelli, 1996, Cidade Industrial
Contagem / MG - CEP: 32210-003
Telefone: (31) 2559-3888
E-mail: redacao@diariodecontagem.com.br