Foto: Arquivo Pessoal

Por Leandro Dias

ANTÔNIO DAS GRAÇAS DE PAULA, 60 anos, casado, pai de  quatro filhos é policial rodoviário federal aposentado. Atualmente, trabalha como educador de trânsito, onde reúne a experiência das estradas para ministrar cursos nessa área.

Natural de Teófilo Otoni, nordeste de Minas Gerais, escolheu Contagem para morar e criar a família. Em 2006 recebeu o Título de Cidadão Honorário, homenagem da Câmara Municipal de Contagem concedida a quem presta relevantes serviços à cidade.

Inspetor De Paula, como é conhecido, aprova a Lei Seca e compara a atitude ilegal de comprar de uma carteira de habilitação ao uso criminoso de armas de fogo. Segundo ele, os motoristas precisam ter mais Deus no coração, e acredita que o sistema de rodízio de placas pode ser a solução para o trânsito de Contagem.

 

1) DC - Como se tornou agente rodoviário federal?

De Paula - Passei no concurso público de 1974, para patrulheiro rodoviário federal.  Fui admitido em 1975, depois passei por um curso de formação e fui designado para trabalhar na cidade de Rio Casca, interior de Minas. Um ano depois fui transferido para Belo Horizonte.

2) DC - Como foi a experiência?

De Paula – Em 33 anos de trabalho na fiscalização de motoristas das rodovias federais, me tornei um verdadeiro anjo da guarda das estradas, pois nosso papel primordial é salvar vidas de acidentados, prevenir os acidentes, educar e reprimir.

3) DC - Qual o princípio da educação no trânsito?

De Paula - Mostrar aos motoristas que uma educação no trânsito vem de casa. Se nossos pais dirigem de maneira correta e cidadã, seremos motoristas corretos e cumpridores das leis de trânsito. Trabalhando juntamente com a direção defensiva.

4) DC - Qual o objetivo da direção preventiva no dia-a-dia?

De Paula - A direção preventiva bem aplicada evita seguramente acidentes de trânsito, mesmo com os erros dos outros motoristas. Evitar um acidente de trânsito onde nos somos os protagonistas das cenas, é um direito e obrigação de fazer de tudo para que aquele acidente não aconteça e, consequentemente, evitar danos físicos e materiais.

5) DC - Motos no trânsito. O que mudou e como tem sido esse novo cenário no trânsito atual?

De Paula - A motocicleta será o veículo do futuro. Vai chegar um tempo que a frota de motos será muito superior a dos automóveis, devido ao custo benefício, os congestionamentos, os estacionamentos, etc. Temos que trabalhar muito na educação da pilotagem dos usuários do veículo de duas rodas. Acidentes com motociclistas irão acontecer a todos os momentos e de maneira fatal, se as autoridades gestoras do trânsito não fizerem grandes campanhas educativas e preventivas.

6) DC - Você acha necessária a presença constante do policial de trânsito nas ruas?

De Paula  - Sim. Está provado que a presença de um agente de trânsito em todos os pontos estratégicos evita 90% dos acidentes de trânsito.

7) DC - Qual a sua opinião sobre a Lei Seca?

De Paula  - Esta lei veio para salvar vidas! Tem que ser mais rigorosa. O código cível tem que ser mudado e adequado no seu rigor contra o motorista dirigir e pilotar com sintomas de embriaguês. O cidadão infrator tem que ser dedito e punido severamente no mesmo momento em que for flagrado o delito.

8) DC - O que pode ser feito para aumentar a eficiência na formação dos novos motoristas?

De Paula - É preciso mais rigor nas leis, mais rigor no credenciamento dos centros de formações de motoristas, que não é segredo de ninguém a venda ilegal de carteiras de habilitação. A facilidade em obter uma CNH  sem ser capacitado é como ter uma arma de fogo e sair por aí matando pessoas inocentes sem punição. O nosso sistema atual é uma verdadeira vergonha!

9) DC - Durante sua experiência como policial rodoviário, qual a pior situação que presenciou?

De Paula - A impunidade dos infratores. Em casos quando prendemos um meliante por matar dezenas de vidas inocentes no trânsito e ele consegue cumprir pena em liberdade. Isto acontece a todo o momento, é triste.

10) DC - O que falta nos motoristas de hoje?

De Paula - Deus no coração. Falta amor próprio, falta educação, falta solidariedade, falta uma lei mais rigorosa, falta cidadania!

11) DC - O sistema de rodízio de placas pode ser o futuro do trânsito em cidades como Contagem e BH?

De Paula  - Sim. Será uma medida paliativa, uma vez que comprar um carro hoje é muito fácil. Há família constituída por três pessoas e na garagem tem quatro carros. Tendo carro com final de placa ímpar e outro com final par, é muito cômodo e o trânsito ficará inchado do mesmo modo.