Data de publicação: 18-07-2016 00:00:00

ARTIGO - A democracia ocidental e seus enganos conceituais

Centro de Integração Empresa Escola de Minas Gerais -  CIEE
Foto: Reprodução Internet

Por: Wasney de Almeida Ferreira*
 
- Minha filha, não ande com aquele menino da pracinha.
- Larga de ser preconceituosa, mãe… Ele é gente boa...
- Ele já foi preso várias vezes, minha filha, várias vezes!
- Mas, mãe, “não julgue para não ser julgada!”.
- Você não vai andar com ele e pronto!!!
- Mas, mãe, isso é discriminação!!!

Nós apreendemos, desde crianças, que não devemos ser preconceituosos e discriminadores, sobretudo com as minorias sociais, étnicas e religiosas. Fazemos isso porque acreditamos, consciente ou inconscientemente, nos ideais democráticos. Entretanto, você sabe fazer uso correto do seu preconceito e discriminação?

O preconceito e a discriminação não são essencialmente ruins. Eles são mecanismos psicológicos corriqueiros, assim como a memória, a atenção e a imaginação. O preconceito nada mais é do que uma preconcepção baseada em experiências passadas. Já a discriminação é um processo de categorização e atribuição de valor: é “separar o joio do trigo”.

Por exemplo, quando você entra num supermercado e vê uma maionese de marca desconhecida, é absolutamente normal o preconceito. Por um lado, você pode julgar que a maionese é de boa qualidade por ser importada, embalagem resistente, coloração vistosa etc. Por outro lado, você pode julgá-la como de baixa qualidade por ser muito barata, embalagem feia, sem informações de ingredientes etc. Em resumo, ser preconceituoso é absolutamente normal e corriqueiro.

Porém, o preconceito, por ser um processo mental de julgamento, pode ser verdadeiro ou falso. Baseado em preconceitos (“a maionese é boa por ser importada”), você pode comprar a maionese e, após ingeri-la, passar muito mal. Portanto, seu preconceito estava errado! No entanto, baseado noutros preconceitos (“a maionese está barata por ser nova no mercado”), você pode comprar e, após ingeri-la, se surpreender-se com a alta qualidade. Portanto, seu preconceito estava correto! Em suma, ao longo do tempo, o preconceito tende a ser comprovado ou refutado.

A discriminação pode ser baseada em conceitos ou preconceitos. Por um lado, se você comprou a maionese e passou mal, então é fato que é de baixa qualidade. Naturalmente, você irá discriminar essa marca de maionese das demais. Naturalmente, você a verá como algo ruim, que deve ser evitado. Afinal, você continuaria comendo uma maionese que lhe faz mal? Portanto, sua discriminação foi baseada em um conceito! Não há nada de errado nisso.

Finalizando, não tenha medo de ser preconceituoso ou discriminador, caro leitor, pois esses são processos psicológicos corriqueiros e indispensáveis no dia-a-dia. No entanto, para fazer bom uso deles, é necessário basear-se em fatos concretos e informações confiáveis. A democracia ocidental está fadada ao fracasso justamente por não aplicar corretamente o preconceito e a discriminação.


* Psicólogo, mestre em linguística e doutorando em Saúde Pública pela Universidade Federal de Minas Gerais
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