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¹Wasney de Almeida Ferreira

Estamos vivendo um momento importante na história, sobretudo no que se refere à sexualidade, o que requer disseminação da informação para maiores esclarecimentos. Muitos pais e jovens, de diferentes idades, inclusive adultos, sentem-se “à deriva” diante às questões de gênero, por obterem diferentes opiniões. De um lado, há aqueles que defendem um ponto de vista biológico, universalista e naturalizante, onde a sexualidade é determinada biologicamente. De outro lado, há aqueles que defendem um ponto de vista social, relativista e culturalista, onde a sexualidade é determinada culturalmente. Afinal, as pessoas já nascem com as suas sexualidades determinadas geneticamente ou, por outro lado, são culturalmente influenciadas?

Quem diz que a sexualidade é determinada biologicamente, pelos genes, está absolutamente equivocado. A genética não determina nenhum comportamento complexo, como a sexualidade. Um indivíduo pode possuir os genes da depressão, por ser filho de pais depressivos, e nem por isso desenvolverá depressão. Quem diz que a homossexualidade é determinada pela cultura, também está absolutamente equivocado. Pois, a cultura também não determina comportamentos, mas apenas estabelece a ocasião para que ocorram. Um indivíduo pode ser filho de pais bondosos, pode nascer e crescer numa comunidade religiosa, e nem por isso se tornará bondoso. Essas analogias são apenas para evidenciar como comportamentos complexos não são determinados. Então, como a sexualidade é constituída?

Por um lado, há os aspectos biológicos e, por outro, os culturais, porém ambos extremos precisam ser compreendidos de forma dialética. A sexualidade é como um bolo, pois ele não é um somatório de ingredientes, mas um alimento com propriedades que emergem do cozimento da mistura. Se a mistura tem mais manteiga, é natural que o bolo seja mais amanteigado, embora não se possa afirmar que o bolo seja determinado pela manteiga. De forma semelhante, os aspectos biológicos e culturais não determinam a sexualidade, mas apenas atuam probabilisticamente, aumentando ou reduzindo a chance de comportamentos sexuais diversos. Em termos científicos, a sexualidade é emergencial, por isso não é determinada por aspectos biológicos ou culturais.

¹Psicólogo, mestre em linguística e doutorando em saúde pública pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)