Data de publicação: 07-05-2020 12:05:00 - Última alteração: 07-05-2020 12:06:07

Uma questão de logística

Centro de Integração Empresa Escola de Minas Gerais -  CIEE
Foto: Internet/Reprodução

Kolivan Colomarte*
 
Para quem trabalha com logística, em especial projetos logísticos, sempre nos chama a atenção qualquer movimentação de carga de grande vulto como a do Antonov-124 que desceu em Brasília (DF) há alguns dias. Porém, fiquei intrigado com as informações passadas pela imprensa, pois mencionavam 40 toneladas de cargas: máscaras de proteção e outras mercadorias destinadas ao setor de saúde.
 
Não disponho de maiores especificações da carga, mas, pelo meu conhecimento em projetos logísticos, aeronaves como o Antonov usualmente são fretadas em duas situações: para o transporte de cargas ditas “especiais”, principalmente aquelas excedentes em dimensões e peso; e quando se perde o prazo de fabricação e a multa pelo descumprimento da entrega a tempo é superior ao gasto que se teria com a contratação de charter deste tipo (também pode haver a combinação dos dois fatores).
 
Estamos em um momento diferente, onde há restrições de transporte nos diversos modais, em especial o aéreo. Os grandes agentes de cargas (freight forwarders) têm contratado aeronaves na modalidade charter para cumprir seus contratos com os clientes, o que torna a curva de oferta x demanda mais íngreme, havendo escassez de aeronaves como 747F, 777F, 767-300 e MD 11, que cumpririam bem a função. Ainda assim acredito que haveria aeronaves como o IIyshiin -76, também de fabricação russa, que poderia ser uma das alternativas interessantes a ser utilizada e com um preço bem mais acessível. 
 
Em uma análise, também temos que levar em consideração que na contratação de um Antonov vários são os fatores que podem atenuar ou aumentar o custo. Ele aumenta com o acréscimo de carga e, consequentemente, de peso, pois diminui a autonomia de voo. Por outro lado, é reduzido se puder casar a operação, seja a vinda de mais carga para entrega a outro fornecedor no mesmo país ou em países próximos ou mesmo com operações de retorno de exportação.
 
Dessa forma, mesmo não tendo todas as informações sobre a carga, mas sabendo que se trata de carga geral (General Freight Forwarder – GFF), subentende-se que o motivo da contratação de um Antonov tenha sido para cumprimento de prazos contratuais. Entretanto, excluindo-se a questão do momento e da escassez de aeronaves de grande porte no mercado – e a não ser que tenha havido uma operação casada –, ainda me intriga a contratação de um Antonov-124 para esse transporte, pois outras aeronaves cumpririam bem a função. E um charter dessa magnitude, que, “em tempos normais” custaria cerca de US$ 1,3 milhão, em tempos de novo coronavírus certamente superará os US$ 2 milhões. A ideia aqui não é criticar, principalmente porque não conheço detalhes da operação, apenas refletir, compartilhar conhecimento e aprender! 
 
*Executivo sênior de logística, comércio exterior, gestor comercial, projetos logísticos e compras internacionais.
 
(O conteúdo dos artigos publicados pelo Diário de Contagem é de responsabilidade dos respectivos autores e não expressa a opinião do jornal.)
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