Foto: Arquivo pessoal

 
Desde 2018, cerca de um ano depois de se mudar para Portugal com a esposa, o mineiro Vinícius Cerutti, de 28 anos, vem travando uma batalha contra um mesotelioma peritoneal, tipo raro de câncer que atinge todos os órgãos abdominais. A luta pela vida ganhou um desafio ainda maior no fim do mês passado: o hospital público em que estava internado ficou sobrecarregado por conta da pandemia de Covid-19 e ele precisou ser transferido para uma unidade particular. Atualmente, os custos do tratamento chegam a € 3.500 semanais, o equivalente a R$ 22.730.
 
“Os médicos estavam esgotados, já não tinha mais espaço para as pessoas, havia filas de ambulâncias na porta. Por isso o Vinicius não estava tendo a assistência de que precisa, o que é compreensível, mas ele estava sofrendo e sozinho, porque eu não podia ficar com ele”, relata Ana Carolina Ferreira, de 25 anos, casada com o mineiro.
 
A transferência, segundo ela, já surtiu efeitos positivos, como a melhora de alguns sintomas persistentes. Por outro lado, a conta é alta. Para ajudar o casal – Ana Carolina está internada junto ao marido, impossibilitada de sair do quarto –, várias ações têm sido criadas por amigos e familiares, como rifas de café da manhã e de prêmios em dinheiro e uma vaquinha on-line.
 
Volta para casa
 
No entanto, diante das dificuldades financeiras enfrentadas no país europeu, o casal quer retornar ao Brasil e dar seguimento ao tratamento de Vinícius por aqui. Mas, por causa do quadro atual, ele não pode vir em um voo comercial. Segundo Ana Carolina, a viagem precisa ser feita em um avião adequado, que não tenha muita pressão. Para isso, ela e a família pedem a ajuda do governo e tentam fazer com que a história seja ouvida pelas autoridades.
 
“Se conseguirmos voltar para o nosso país, tudo fica mais fácil. Ele tem plano de saúde que cobre todo o tratamento. Como esposa, fico com uma sensação de impotência por não poder fazer mais por ele, mas tanto eu quanto nossos familiares temos muita esperança”, diz.
 
Evolução da doença
 
Os primeiros sintomas do mesotelioma peritoneal sentidos por Vinícius foram diarreia e dor no estômago. A princípio, ele acreditou se tratar apenas de uma indisposição causada por algum alimento. Depois de cerca de um mês se sentindo mal e de mais um mês internado, uma biópsia revelou o diagnóstico correto.
 
Enquanto aguardava para fazer uma cirurgia, o mineiro foi submetido à quimioterapia durante um ano. Em 2020, ele retirou o baço, a vesícula e o apêndice, e apresentou uma melhora. Em outubro último, contudo, ele desenvolveu um pneumotórax e os médicos descobriram a presença de uma bactéria que, mesmo depois de combatida, deixou sequelas.
 
“No início de dezembro, eles perceberam que o câncer havia voltado de maneira bem agressiva. Como é pouco conhecido, é difícil saber como ele funciona”, diz Ana Carolina.
 
Em cerca de dois meses, a doença se espalhou e comprometeu também o intestino e o tubo digestivo, forçando Vinícius se alimentar exclusivamente por meio de uma sonda. Em 7 de janeiro, ele foi novamente internado.
 
“O Vinícius vai voltar a fazer quimioterapia, a intenção é atrasar a doença e fazer com que ela regrida”, afirma a esposa.
 
A história de Vinícius pode ser acompanhada por meio de uma página no Instagram criada por Ana Carolina.