Data de publicação: 21-12-2012 00:00:00

Disciplina e determinação, receita de uma ultramaratonista

Centro de Integração Empresa Escola de Minas Gerais -  CIEE

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Por Robson Rodrigues

Carla Goulart é solteira, tem 36 anos, é formada em Serviço Social e Enfermagem. Nasceu em Belo Horizonte, mas mora em Contagem desde 1995. A ultra-atleta
confessa que além de correr, gosta muito de viajar. “Tento unir o útil ao agradável, viajo para correr e quando chego lá, corro para chegar ainda mais longe”.

DC - Como você comçeou a correr?

Comecei a correr aos 12 anos por um período na cidade de Caratinga. Durante a 5ª série, comecei a jogar vôlei, mas a minha estatura não ajudou. Então, para ganhar presença, comecei a correr nas escadarias da escola.

DC - Além de correr, você tem algum outro hobby?

Adoro animais, tenho paixão pelo meus 7 cachorros e pela minha gatinha. São os meus companheiros, a minha família. Infelizmente nenhum deles consegue me acompanhar nos meus treinos de 50 km, mas quando chego em casa, eles estão me esperando, isso é minha recompensa.

DC - Quantas provas da Volta Internacional da Pampulha você já correu?


A Lagoa da Pampulha é como se fosse a minha segunda casa. Já corri 5 edições da Volta Internacional. Mas corro todos os dias na Pampulha, conheço todos os obstáculos e cada curvas da lagoa. Participei este ano, mesmo depois de correr 60 km no dia anterior. Fiz o tempo de 1 hora e 40 minutos, tempo considerado bom em se tratando de uma ultramaratonista.

DC - O que o esporte representa para você?

Sou viciada. Para mim o esporte é meu arroz com feijão, meu alimento. Se não corro, fico triste, é como faltasse algo para completar o meu dia. Correr é saúde, tenho que correr todos os dias, pelo menos um pouquinho.

DC - Quais conselhos que você passa para quem está começando a correr?

Digo para procurar um médico, um nutricionista e um professor de educação física antes de começar a correr. Precisamos ter uma equipe multidisciplinar para correr com segurança. Sair correndo sem saber se pode praticar esse tipo de atividade não é recomendável. Existem técnicas para correr, para as passadas, para movimentar os braços. É preciso correr com elegância e dentro de seus objetivos. Daí a importância de uma equipe multidisciplinar para nos monitorar.

DC - Como surgiu o ultramaratonismo em sua vida?

Comecei correndo 10 km, corri muitas maratonas (42 km) e meias maratonas (21 km), e quando descobri que existiam corridas de 50 km, fiquei empolgada, comecei a treinar e participar. Depois descobri que existiam corridas de 200 km, aí pensei, também posso participar. As ultramaratonas são provas que reúnem velocidade e resistência, aí comecei a participar dessas competições aproveitando a minha velocidade e resistência.

DC - Quais são as maiores dificuldades nesse tipo de prova?

A maior dificuldade é a falta de patrocínio. São provas caras, inscrições, logísticas, viagens e equipamento. Em algumas dessas provas tenho o apoio de empresas parceiras, mas em outras, não tenho nenhum apoio, muito menos patrocínio. Fisicamente não tenho problemas, não tenho lesões e tenho a ajuda do meu treinador \"Branca\", de São Paulo. Treinamos para participar e completar as provas.

DC - Qual é a expectativa para a próxima prova que será na neve?

No dia 28 de janeiro de 2013, vou participar de uma prova que faz parte da Badwater World Cup (BWWC): 135 milhas nas montanhas no Brasil, 135 milhas no Vale da Morte na Califórnia, deserto dos EUA e 135 milhas na neve, na cidade International Falls, estado de Minnesota, norte dos EUA. Será essa prova na neve que vou participar puxando um trenó com equipamentos obrigatórios para enfretar temperaturas que podem chegar a 40 graus negativos.

DC - Como é participar de uma ultramaratona?

É difícil, a maioria do tempo corremos sozinhos. Em uma prova de mais de 200 km, com 60 horas para completar, é você e você. É preciso trabalhar muito a mente. Psicologicamente temos apreender a conviver com a dor, pois corremos o risco de perder quatro a cinco unhas numa prova como essa. É preciso ter muito cuidado com as extremidades, pois os riscos de amputações em caso de congelamento são altos. Temos que correr controlando o suor para não congelar. Por isso estamos treinando dentro de uma câmara frigorífica para acostumar com as baixas temperaturas. Até o dia da largada, preciso estar acostumada com o frio.

DC - O que passa na mente de uma ultramaratonista?

O foco é cruzar a linha de chegada. A força de vontade e a determinação são os nossos incentivos. Quando termino uma prova ninguém pode me tirar esse mérito, ele é meu.

DC - Quando surgiu a ideia de participar desse desafio? Como participar sem patrocínio?

Quando decidi participar dessa prova, não tinha praticamente nada, nem as passagens. Mandei meu currículo para a organização e fui aceita. A partir daí comecei a correr atrás
das passagens, hospedagem e equipamentos que são caros, pagos em dólar ou euro. Como não tenho patrocinadores, somente apoiadores, comecei a vender rifas, sortear camisas de Atlético e do Cruzeiro autografadas e a fazer campanhas de arrecadação no
Facebook. Aos poucos, pessoas de boa vontade surgiram, me ajudaram e aí comecei
a conquistar a estrutura necessária. A prova começa dia 28 de janeiro e termina no dia
31, dia do meu aniversário, vou chegar comemorando.

DC - Como seria se você tivesse patrocínio garantido e não precisasse se preocupar com
dinheiro?

Com certeza seria muito diferente e menos desgastante. Tenho que correr para cumprir a minha planilha de treinamentos e correr atrás de dinheiro. Para piorar, ouço muitos nãos. Mas não ligo, sou perseverante e quando ouço um sim, me emociono e fico mais forte. Continuo correndo atrás de patrocínios e trabalhando como enfermeira para me sustentar.

DC - O que você pensa durante provas tão longas?

Aproveito esse tempo comigo mesma para agradecer a Deus pela minha família, pela minha saúde, pela natureza ao redor, pelos patrocinadores que me apoiaram, rezo por todos, tenho muito tempo para isso. Rezar me dá mais energia para completar as provas e a ser bem colocada. Na próxima prova vou rezar para me tornar a primeira sul-americana a completar a Arrowhead 135. 

DC - Porque você corre?

Boa pergunta. Como eu corro há muito anos, graças a Deus, sem lesões, virou um vício bom. Correr para mim é como estar em um parque de diversões. Me divirto correndo,
mas sou muito metódica. Na Pampulha corro sempre do mesmo lado da calçada e uso
só determinadas roupas.

DC - Quem quiser te patrocinar, o que deve fazer e o que você oferece?

Patrocinar é fácil, basta ter boa vontade e gostar de esporte. É só entrar em contato por telefone ou pelo Facebook. Ofereço espaços para as logomarcas das empresas em minhas roupas de treino e de competição, nos equipamentos utilizados em cada prova, no meu Facebook e faço questão de agradecê-los nas entrevistas durante a fase de preparação e no final de cada prova completada. Adoro dar entrevistas e ressaltar a importância dos meus patrocinadores e apoiadores.


CONTATOS

Telefones: (31) 9257-9091 / (31) 9994-8642
Facebook: www.facebook.com/carlaultramaratonista
E-mail: carlapga1@gmail.com

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