Foto: Divulgação

Wasney de Almeida Ferreira¹
 

__ Você viu minhas fotos no facebook? Eu estou em Porto Seguro. Lugar lindo, comida saborosa, gente bonita!;
__ (Sem respostas! Último acesso, dois minutos atrás...):
__ Ei, ei, responda! Responda! Você está aí? Viu as minhas fotos? Vou te mandar um vídeo meu para você ver o restaurante aqui. Estou em Porto Seguro!
__ (Sem respostas! Último acesso, dois minutos atrás. No outro dia...)
__ Eu não vi suas fotos não! Você viu as minhas? Viu as minhas fotos?
(Conversa no WhatsApp)

Vivemos numa cultura alicerçada na ignorância: a sociedade da desinformação. Lemos, escutamos e vemos apenas o que agrada nosso narcisismo. Se algo não condiz com nossa visão de mundo, utilizamos a ignorância. Vivemos em mundinhos narcisistas frágeis como bolhas de sabão.

Dizem que vivemos na sociedade da informação. No entanto, aproveitamos disso para sermos ignorantes. Se sou fumante, ignoro tudo que se diz sobre a saúde nos jornais. Se sou engenheiro, ignoro tudo que se diz sobre meio ambiente na televisão. Se sou religioso, ignoro tudo que se diz nas revistas sobre pastores estelionatários.

Nossa visão de mundo é frágil e pode ser abalada por qualquer contradição. Dar atenção ao que nos desagrada pode ser o princípio de uma verdadeira revolução existencial. Entretanto, muitos optarão em permanecer em seus mundinhos narcisistas. Essa é a sociedade da desinformação!

¹Graduado em Psicologia (bacharel e psicólogo - FAFICH/UFMG), mestre em Linguística Teórica e Descritiva (Língua em Uso: Linguística Cognitiva - FALE/UFMG) e doutorando em Saúde Pública (Epidemiologia das Doenças e Agravos Não-Transmissíveis e Ocupacionais - FM/UFMG) pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).