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ARTIGO - Detesto essa expressão. E pra falar a verdade raramente detesto alguma coisa, mas essas palavras juntas aí têm uma conotação nada amistosa.
E se, na infância, a expressão era utilizada “de brincadeirinha”, a brincadeira perde totalmente a graça quando pronunciada em ambiente adulto. Aliás, isso, quando é pronunciada. Porque ser “esperto” muita gente é, mas ter a transparência de anunciar a “qualidade”, seria mera ingenuidade.
Acontece que, se analisarmos o ditado por outro lado, ele pode ser utilizado como uma frase de auto-ajuda ou motivacional. Afinal, quem não é esperto - no sentido de perspicácia - não estuda, não progride, não tem carro, não tem casa, não tem estabilidade. Isso, pelo viés patrimonial. Pois, além disso, ser esperto pode ser tratar quem te estima muito melhor, para não perder o carinho. Ser esperto pode ser prestar bem mais atenção no que os outros estão precisando e, então, analisar se o bem ou apoio demandando podem estar em suas mãos – e ter a perspicácia também de ofertá-los.
Ser esperto pode ser, ainda, desligar a TV ir ler um livro ou um jornal, para ficar mais informado ou passar a escrever melhor. Ser esperto pode ser cuidar mais da sua vida, ao invés de ficar no Facebook cuidando da vida dos outros. E ser esperto, pode ser, primordialmente, pensar de forma mais positiva, porque quem se auto-intitula de desamparado e “coitadinho”, não consegue sair do lugar. Muito menos chegar a lugar algum.
Seria um “ser esperto” não no sentido contemporâneo de “dar um jeitinho”, e sim de dar um jeito de fazer tudo que você tem feito de um jeito bem melhor.
Priscilla Porto
Autora dos livros “As verdades que as mulheres não contam” e “Para alguém que amo – mensagens para uma pessoa especial”.