Ilustração: J. Borges
Lecy Pereira Sousa
O Cordel é uma expressão literária que surgiu no Renascimento europeu (Século XVI), ganhou uma cor local no Nordeste, mas acabou chegando ao Sudeste e se espalhou pelo Brasil e outros países latinos. Na Internet você pode encontrar desde áudios em mp3 com leituras do Cordel até documentários em vídeos sobre esse patrimônio literário com sotaque nordestino.
Quando eu estive em Sabará, à convite do Projeto Pão e Poesia, por ocasião do aniversário da Borrachalioteca (um espaço que une pneus e livros), eu pude dialogar com um dos grandes representantes da literatura de Cordel em Minas Gerais, o cordelista Olegário Alfredo.
Olegário, ou mestre Gaio, natural de Teófilo Otoni, Membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, é autor de mais de uma centena de livros que ele mesmo imprime, grampeia e comercializa. De sua autoria, eu ganhei o livro Elogio ao mineiro e o divertido Que bicho é esse. Abaixo, um trecho desse último:
“No quintal fica ciscando E bota ovo na caixinha Cria pinto come milho Faz cocó e é baixinha No Domingo todos comem A tadinha da? ...................” De Elogio ao mineiro temos: “Só acredita na fumaça Se ver o fogo de perto E sabe como ninguém Tirar água do deserto Finge de ser bobalhão Mas no fundo é esperto.”
Se você for a Sabará, visite a Cordelteca Olegário Alfredo que possui vasto acervo de cordéis de vários autores do Brasil, incluindo clássicos como: A chegada de Lampião no Inferno, A Vida de Pedro Cem, As Proezas de João Grilo, O Cavalo que defecava Dinheiro, entre outros. O site do autor pode ser conferido aqui. |