Data de publicação: 28-05-2012 00:00:00

Meio século de Liga Desportiva e os problemas continuam

Jornal Diário de Contagem On-Line

Foto: Robson Rodrigues

Pouca gente conhece, mas Contagem tem uma entidade que valoriza as atividades esportivas e organiza campeonatos para centenas de clubes de futebol amadores. É a Liga Desportiva de Contagem, fundada há 54 anos. Mesmo com pouco apoio do poder público e sem nenhuma verba da iniciativa privada, a liga vem resistindo ao tempo e formando grandes atletas no município.


Na década de 50, Contagem precisava de uma organização que tivesse autonomia para gerir os times e os torneios. Na ocasião, essa era uma responsabilidade da Federação Mineira de Futebol. Mesmo assim, as atividades realizadas não atendiam às expectativas da cidade, o que deu início à criação da Liga Desportiva, em 1958, localizada na Avenida João Cesar de Oliveira, n° 1328.

Com sede própria, a entidade vem sobrevivendo da locação de lojas em seu prédio, cerca de R$ 7 mil por mês. “Essa é a nossa única fonte de recursos”, afirma o presidente da Liga, Ernani Marcos do Carmo.

Muitos gols e pouco dinheiro

Atualmente são registrados em cartório, por meio da entidade, 327 clubes de futebol. Porém, os ativos somam menos de 127. Muitos times têm equipes infantis, juvenis e juniores. São três divisões que constituem os campeonatos de futebol de Contagem. A divisão especial conta com 28 clubes, o módulo I com 32 e o módulo II, 67.

O presidente Ernani Marcos do Carmo conhece bem a realidade dos times e sabe o que eles passam para continuarem jogando. “Estes clubes vivem de doações da comunidade ou de alguém bem intencionado. A Prefeitura contribui pagando as taxas de arbitragem dos jogos, um kit de uniforme para cada equipe e os exames médicos dos atletas, mas ainda é muito pouco. As equipes carecem até de mais bolas para treinarem”, lamenta o dirigente.

Para que os times continuem registrados, eles devem pagar anualmente uma taxa de apenas R$ 20,00. Quando um atleta se transfere para outro clube, arca com a taxa de transferência interna no valor de R$ 5,00. “O dinheiro que entra, sai na mesma proporção”, avalia Carmo. A situação da Liga Esportiva tem se agravado nos últimos anos devido às despesas fixas como os salários dos nove funcionários, encargos trabalhistas, além de taxas de água, luz e telefone.

A Liga Esportiva possui uma dívida milionária desde a década de 1990. Em 1994 a Lei Pelé instituía que: “entidades de administração e de prática desportiva poderiam credenciar-se junto à União para explorar o jogo de bingo permanente ou eventual com a finalidade de angariar recursos para o fomento do desporto”. Na época, com um sócio comercial, a Liga Desportiva emprestou sua razão social para um bingo. Cerca de 30% do valor arrecadado era destinado à instituição, mas o parceiro sonegou impostos, resultando em R$ 24 milhões em dívida.

Com os recursos gerados pelo jogo, a entidade contratou o escritório de direito tributário, Sacha Calmon. Os advogados conseguiram renegociar a dívida com parcelamento em 60 anos. Todo mês, 3% do que arrecadado é descontado para abater o valor devido.

Voluntariado

O presidente da Liga Desportiva de Contagem, Ernani Marcos do Carmo, está afastado do mandato que exerce no quadriênio 2009-2012. Ele foi convidado pela Prefeitura Municipal para ser diretor de futebol na Secretaria de Esportes. Para não colidir o interesse da Liga e do órgão público, o dirigente se afastou e, interinamente, o vice Ricardo Wasley de Oliveira, ocupou o cargo.

A diretoria da Liga é voluntária, tendo seus dirigentes trabalhando em atividades próprias. Carmo na Federação Mineira de Futebol e diretor de futebol amador no interior, e Oliveira, como comerciante de materiais esportivos. Ambos alegam os mesmo motivos para participarem da Liga. “Desde a década de 1970 eu estou na área esportiva. Fui para a Federação Mineira, mas não deixo o futebol de Contagem. É uma paixão. Trabalho das 13 às 19 horas na Federação e depois venho para a Liga. Tem dia que fico até às 23 horas”, conta Carmo. “A gente está aqui porque gosta. Não tem outra razão. Gostamos de ajudar o esporte”, completa Oliveira

Por Guilherme Reis

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