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¹Wasney de Almeida Ferreira

_ “Política, religião e futebol não se discute!”
_ “É, não se discute! Vamos mudar de assunto?”

A classe média sempre teve conhecimento das mazelas brasileiras, como a excessiva desigualdade social, a precarização do serviço público e a corrupção. Por se beneficiar das desgraças alheias e ter uma vida mediana, propagava a ideologia do conformismo, como se não fosse possível mudar o Brasil. No entanto, na atualidade, os custos-benefícios das mazelas sociais tornaram-se pouco viáveis à classe média, que irritadiça manifesta nas ruas contra ao que lhe beneficiava.

A classe média, ao mesmo tempo em que anseia estar no lugar da classe alta, teme o retrocesso à classe baixa. Ela paga impostos para educação pública, mas opta em colocar seus filhos em escolas privadas. Ela paga impostos para saúde pública, mas compra planos privados de saúde. Ela paga impostos para o transporte público, mas prefere comprar veículos. Ela paga impostos para segurança pública, mas compra câmeras, alarmes e seguros privados. Enfim, a classe média brasileira paga tudo duas vezes!

A classe média não está nas ruas por ser altruísta, mas apenas por ter sido traída pelo Estado, que decidiu fazer políticas sociais com seus impostos. Ela não consegue e nunca conseguirá manter o sistema público, porque as iniquidades sociais são geradas pela classe alta, que concentra grande parte da renda. Para que o Brasil torne-se uma potência mundial, não há saída senão diminuição das desigualdades sociais extremas, logo a solução seria impedir o enriquecimento da classe alta ad infinito.

¹Psicólogo, mestre em linguística e doutorando em saúde pública pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)