Data de publicação: 13-10-2014 00:00:00

Dilma e Aécio: A Classe Média e o Discurso Elitista

Academia Equilíbrio Funcional

Charge: Junião

¹Wasney de Almeida Ferreira

__ Eu não aguento pobre cismado a rico.

(dito popular)

Pessoas da classe média brasileira, sobretudo da emergente C, têm adotado discursos elitistas, seja nas eleições ou na vida cotidiana, como se fossem realmente membros das elites. Eles aceitam os discursos elitistas, aristocratas e monárquicos por não possuírem identidades e consciências de classes definidas.

Pelo ponto de vista econômico, a classe C emergente foi capaz de comprar moradias, meios de transportes e ter um pouco de lazer. Nesse entusiasmo da mobilidade social, pessoas da classe média perderam seus referenciais de identidades e consciências de classes. Como consequência, passaram a repetir os discursos elitistas, de forma acrítica e irresponsável, ignorando suas próprias raízes familiares e socioculturais. Abaixo, alguns exemplos de discursos elitistas pronunciados por pessoas da classe média:

_ “O trânsito está péssimo, porque todo mundo está comprando carro”. (Ou seja, só as elites podem usufruir de transporte privado. Se o trânsito está ruim, então vamos de helicóptero...);

_ “O emprego está difícil, porque todo mundo está fazendo faculdade”. (Ou seja, só as elites podem ser escolarizadas. Se as pessoas estudam, isso irá me atrapalhar...);

_ “O Brasil está assim por causa dessas bolsas do governo”. (Ou seja, a vida social não é um contrato formal de igualdade, fraternidade e liberdade; é cada um por si. O Estado é um problema para meu enriquecimento...).

__ “Meu filho só estuda em escola particular e eu tenho convênio de saúde privado para todos familiares”. (Ou seja, tudo que é privado é bom, ao passo que tudo que é público é ruim. Quem usa o Sistema Único de Saúde (SUS) é pobre... Escola pública é ruim...).

Finalizando, comprar uma moradia, ter meio de transporte e lazer são condições mínimas de dignidade e não se confunde com o padrão de vida das elites brasileiras. Todas as vezes que ouvir comentários, busque identificar se esses discursos são das classes baixa, média ou alta, para que não seja mais um “pobre cismado a rico”.

¹Psicólogo, mestre em linguística e doutorando em saúde pública pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

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