Data de publicação: 20-08-2013 00:00:00

Água Boricada não deve ser utilizada nos olhos

Jornal Diário de Contagem On-Line

Foto: Divulgação

¹Fabiana de Almeida
²Mariana de Oliveira Almeida
³Renata Viana Abreu

A água boricada é uma preparação não estéril contendo água e ácido bórico, comercializada em drogarias, normalmente, nas concentrações de 2% e 3%. O produto é utilizado popularmente com várias indicações terapêuticas, dentre elas ferimentos e furúnculos. Em nosso meio, é muito difundido o uso de água boricada em diferentes transtornos da superfície ocular, ou seja, em conjuntivites ou afecções nos olhos, e é importante a avaliação das condições de seu uso.

A partir da década de 20, surgiu a exigência de que todas as preparações oftálmicas deveriam ser estéreis. Além disso, essas preparações devem ser isotônicas, ou seja, apresentarem a concentração próxima à concentração dos líquidos que compõem os olhos (entre 0,6 e 2%). Como a água boricada não é uma preparação oftálmica, os cuidados na sua fabricação não são tão rígidos, não sendo, portanto, exigidas a esterilidade e a isotonicidade.

A água boricada é vendida livremente, o que não estimula nenhum tipo de cuidado quanto a seu uso. Tal constatação pode ser evidenciada pelo fato dos usuários aplicarem o produto diretamente nos olhos ou limparem as pálpebras e fazerem compressas com os olhos abertos. Quando a água boricada é utilizada para tratamento de conjuntivites, o produto torna-se de risco, pois pode ocorrer a contaminação da córnea com possíveis microrganismos encontrados na mesma. Além do risco de contaminação, o produto a 3% não é isotônico, o que pode causar ardência e perda de líquido ocular.

Os rótulos dos frascos de água boricada, ao contrário das demais soluções de uso ocular, para as quais existe obrigatoriedade de informações claras, apresentam poucas e contraditórias recomendações sobre seu uso e não constam instruções quanto ao tempo de validade após a abertura do recipiente. Os frascos que contém água boricada a 3% que, conforme descrito nos rótulos, são isentos de registro no Ministério da Saúde. Esse posicionamento deve ser reavaliado, uma vez que os fármacos utilizados diretamente nos olhos devem se submeter aos mesmos cuidados recomendados para colírios e pomadas.

Diante dos fatos citados, torna-se necessário regulamentar a fabricação e comercialização da preparação em questão para aplicações oftalmológicas; visto que os usuários estão expostos aos riscos de utilizarem um produto não isotônico apresentando contaminação microbiana e; consequentemente; de desenvolverem transtornos oculares graves muitas vezes irreversíveis. Além disso, no rótulo dos produtos que estão no mercado deveriam constar os dizeres: “Produto não oftálmico”.

Em relação aos consumidores, os mesmos devem ficar atentos a essas informações e não se automedicarem com produtos que podem parecer inofensivos e que muitas vezes podem causar danos irreparáveis à sua saúde.

¹²³ Professoras da Nova Faculdade

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