Data de publicação: 07-02-2014 00:00:00

Ortorexia nervosa: um transtorno da conduta alimentar

Jornal Diário de Contagem On-Line

Foto: Divulgação

¹Flávia Lúcia Abreu Rabelo
²Daniele Rezende Silva
³Luciane Rodrigues Portugal

A busca por hábitos saudáveis de alimentação é uma preocupação cada vez maior de todos os extratos da população, uma vez que esses, associados a exercícios físicos, são grandes aliados na promoção da saúde. Mas será que existe limite para essa busca? Especialistas alertam que o comportamento obsessivo no consumo de alimentos saudáveis pode gerar um transtorno alimentar denominado ortorexia nervosa.

A ortorexia nervosa foi inicialmente descrita por um médico americano chamado Steven Bratman, em um livro publicado no ano 2000. A palavra ortorexia tem origem grega, onde \"ortho\" significa correto e \"orexia\" significa apetite.

O distúrbio se caracteriza por uma obsessão patológica por uma alimentação saudável e equilibrada. Inicialmente, o comportamento pode surgir como uma forma de obter melhor saúde, perder peso ou se restabelecer de algum estado patológico. Esta conduta está adequada, mas em alguns casos, a escolha dos alimentos passa a se tornar o objetivo principal na vida do indivíduo, o que torna a sua dieta cada vez mais restritiva, eliminando do cardápio alimentos fontes de nutrientes importantes para o bom funcionamento do organismo.

Os pacientes ortoréticos frequentemente são pessoas de normas muito rígidas com sua alimentação e chegam a se punir caso não consigam cumpri-las, inclusive com períodos de jejum. Também costumam supervalorizar seus êxitos alimentares, ter um severo autocontrole para resistir às tentações e sentem superioridade em relação àquelas pessoas que não têm seus mesmos hábitos alimentares.

Hábitos

Normalmente, há uma preocupação exagerada com a qualidade dos alimentos quanto à presença de defensivos agrícolas e aditivos químicos e com o consumo apenas de alimentos \'politicamente corretos\'. Também podem compor o perfil dos pacientes as seguintes condutas: evitar de forma extrema alimentos com muito sal ou muito açúcar e alimentos geneticamente modificados, utilização de materiais específicos no preparo dos alimentos, como cerâmica ou madeira, realização de rituais rigorosos no preparo dos alimentos de modo a evitar o uso de qualquer tipo de óleo ou gordura.

Alguns grupos de pessoas podem estar especialmente vulneráveis à ortorexia, como mulheres e adolescentes, adeptos de modismos alimentares, fisiculturistas e seguidores de dietas alternativas como macrobióticos e vegetarianos.

Na ortorexia nervosa, os pacientes passam muito tempo de seus dias planejando suas dietas e não medem esforços, inclusive financeiros, para obter e preparar seus alimentos. Frequentemente, excluem de seus cardápios carnes vermelhas, gorduras e carboidratos, levando a perda de peso, anemia e até hipovitaminoses.

Além da consequência biológica, consideram-se os aspectos sociais relacionados ao distúrbio, como o afastamento social, evitando restaurantes e visitas aos amigos e parentes, sentimento de solidão e insatisfação a até o afastamento de suas atividades laborais. Como o padrão alimentar do ortorético se diferencia do padrão da sociedade em que ele está inserido, a tendência é restringir a convivência a poucos amigos e parentes.

Tratamento

O tratamento da ortorexia é difícil, assim como os demais transtornos alimentares. O primeiro obstáculo é a aceitação do diagnóstico, já que o paciente considera a sua dieta saudável e correta. É preciso conscientizá-lo que sua conduta é insalubre e que a dieta deve ser equilibrada, completa e bem estruturada.

Os alimentos antes restringidos devem ser gradualmente inseridos na dieta. Para que o ortorético consiga estabelecer novamente hábitos alimentares adequados é necessário tempo e força de vontade, sendo essencial ainda a intervenção psicoterapêutica e apoio da família.

Apesar da ortorexia ainda não ter sido oficialmente reconhecida como um transtorno alimentar é importante reconhecer suas características e riscos, já que a abordagem desse tema pode ser delicado e até paradoxal, considerando que a adoção de hábitos alimentares saudáveis tem sido insistentemente propagada na ciência e na mídia como uma forma de inquestionável importância na promoção da saúde humana.

¹²³ Professoras da Nova Faculdade

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