Data de publicação: 25-02-2014 00:00:00

Contrato Social: A Greve e o Direito de Greve

Jornal Diário de Contagem On-Line

Foto: Ricardo Lima

¹Wasney de Almeida Ferreira

As greves de ônibus são emblemáticas nas grandes cidades, pois demonstra como as hierarquias sociais são relativas às formas como as pessoas veem o mundo. Se os políticos, grandes empresários e industriários acham que estão no topo da sociedade, os motoristas demonstram o oposto com as greves. Os brasileiros estão aprendendo como a política, entendida genericamente como negociação das diferenças é uma forma poderosa de co-construção do país.

A sociedade é uma co-construção social, histórica e cultural, onde os indivíduos cedem partes de suas individualidades em busca de um bem coletivo. Você não rouba e espera, na mesma razão e proporção, que não seja roubado, pois o seu querer individual é menos importante que o seu dever social. Por exemplo, você deseja ter um carro, mas este seu querer individual, em termos de custo-benefício é menor que o seu dever social, de não roubar. Assim, cedendo partes do querer individual em detrimento do dever coletivo, a sociedade mantém a sua coesão social, já que é mais vantajoso viver em paz que em guerra. No entanto, o que ocorre numa sociedade, como a brasileira, onde o contrato social beneficia apenas uma minoria, gerando iniquidades sociais?

O contrato social é um elemento básico de uma sociedade, pois ninguém é obrigado a respeitar as regras, já que os indivíduos poderiam escolher viver como animais. Os motoristas de ônibus sentem na pele as contradições do sistema de transporte público, sendo os seus direitos de greves legítimos de um país democrático. No entanto, como as raízes do Brasil são escravocratas, os brasileiros naturalizam os problemas sociais e veem o Brasil como algo que nunca mudará.

Obs.: Falo de transporte público porque ando apenas de ônibus e conheço, no dia-a-dia, a precariedade do sistema, sobretudo ao ser empático e me colocar no lugar do motorista. Não é crime andar com excesso de passageiros? Não é crime dirigir e cobrar passagens? Não é crime andar de pé no ônibus? Por que as leis de trânsito não são as mesmas para o transporte público? Por que as pessoas que falam de transporte público andam apenas de carros? (de luxo, diga-se de passagem...)

¹Psicólogo, mestre em linguística e doutorando em saúde pública pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Comentários

Charge


Flagrante


Boca no Trombone


Guia Comercial


Enquetes


Previsão do Tempo


Siga-nos:

Endereço: Av. Cardeal Eugênio Pacelli, 1996, Cidade Industrial
Contagem / MG - CEP: 32210-003
Telefone: (31) 2559-3888
E-mail: redacao@diariodecontagem.com.br