Data de publicação: 30-01-2014 00:00:00

A Precarização do Trabalho e da Família: “Vamos Dar Um Rolezinho”

Academia Equilíbrio Funcional

Foto: Divulgação

¹Wasney de Almeida Ferreira

A precarização do trabalho, como a terceirização, o aumento do trabalho informal e a instituição de baixos salários tem contribuído para a degradação da família. Como o pai e a mãe precisam trabalhar em demasia para arcar com as contas e pagamentos de impostos, pouco tempo resta para a família.

Almoçar em grupo a mesa, passear num parque ou brincar com os filhos têm se tornado atividades cada vez menos recorrentes, sejam por falta de tempo ou disposição. Qual é a parcela de responsabilidade que as empresas e indústrias, implícita ou explicitamente, têm em relação aos “rolezinhos”, por considerarem seus funcionários como “posses” ou “máquinas”?

A família moderna nasceu concomitantemente as Revoluções Industriais, pois, enquanto o pai saia para trabalhar nas fábricas, a mãe permanecia em casa. Ao pai cabia o papel social de provedor econômico da família, ao passo que a mãe deveria ser responsável pelo lar e educação dos filhos. Paralelamente, a Igreja Católica incentivava o casamento e a formação de famílias, abominava boêmios, mães solteiras e fanfarrões. Em resumo, para que o pai trabalhasse e gerasse lucro aos patrões, era necessária uma família estável.

No entanto, com as crises do Capitalismo, sobretudo a partir da Segunda Guerra Mundial, a estrutura da família teve que ser reorganizada a Pós-Modernidade. Os bens de consumo duráveis, como geladeiras e televisões, foram transformados em não duráveis, dando origem ao consumismo. Os revolucionários, como Che Guevara, foram estampados em roupas de grife, enquanto os moicanos dos punks anarquistas reduzidos a penteado. As tatuagens de presidiários foram incorporadas como arte, ao mesmo tempo em que o feminismo reinterpretado como oportunidade de mão-de-obra barata.

As empresas e indústrias, quando não concebem seus funcionários como “posse”, os veem como “máquinas”, que podem ser “substituídas” ou “descartadas”. Com receio de tornarem-se “obsoletos”, pai e mãe optam pela “terceirização” da infância dos filhos, mas todos esqueceram de que os jovens não são “robôs”. Se antes o pai recebia o suficiente para gerir uma família inteira, atualmente ele e a mãe juntos têm dificuldades de viverem dignamente.

A precarização do trabalho tem contribuído para a degradação da família e, por consequência, da infância, embora fenômenos como o “rolezinho” sejam sempre banalizados e incorporados pelo Capitalismo. Quanto dinheiro esses jovens podem consumir...

¹Psicólogo, mestre em linguística e doutorando em saúde pública pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

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