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¹Wasney de Almeida Ferreira

Vivemos em uma sociedade extremamente egoísta, onde a mentira, a dissimulação e a manipulação tornaram-se valores, estabelecendo a ocasião para um verdadeiro “canibalismo social”. As pessoas pouco se importam com os sentimentos alheios, não se colocam no lugar do outro, e agem sem se preocuparem com as consequências de seus atos. O resultado de tudo isso é de uma sociedade paranoica, onde todos vivem com medo, sabendo que, mais cedo ou mais tarde, poderão ser “apunhalados pelas costas”.

Sabe aquele seu companheiro(a) de trabalho, caro leitor? Você confia nele(a)? Pois, ele(a) pode desgraçar a sua vida a qualquer momento... Sabe por quê? Porque ele(a) te vê como um concorrente! O que o(a) impede de gerar fofocas, deturpar histórias, criar mentiras, alimentar intrigas contra você para alcançar o seu posto? Afinal, ele(a) nasceu em uma sociedade onde a justiça, a amizade, a honra e o amor são menos importantes que o dinheiro, a fama, o status e o poder. Você certamente deve conhecer alguém que foi traído(a) por um(a) suposto(a) “amigo(a) do peito”, não é verdade?

Muitos dizem que o egoísmo é natural, normal, faz parte do instinto humano de sobrevivência, de seleção natural das espécies, de propagação dos genes. Para piorar a situação, outros complementam dizendo que a competição social também é natural, faz parte das leis de mercado, do liberalismo econômico, da lei de oferta e de procura. Como consequência, todo comportamento egoísta é justificado socialmente como algo natural, normal, que faz parte de uma suposta “natureza humana”: instinto masculino, instinto feminino, instinto de procriação, instinto de sobrevivência...

Ora, caro leitor, se você é tão auto-suficiente assim, autônomo, certamente você deve ter nascido falando, andando, lendo e escrevendo, sem a ajuda de ninguém. Seus tataravôs devem sozinhos ter descoberto o fogo, desenvolvido a agricultura, criado as línguas, construído cidades, inventado a música, a literatura, a religião... Seus familiares devem ter construído e mantido toda a cultura para que você, o centro do universo, pudesse nascer e crescesse independente de tudo e de todos. A naturalização desse egoísmo, caro leitor, é um problema moral!

¹Psicólogo, mestre em linguística e doutorando em saúde pública pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)