Cena do filme alemão “O Enigma de Kaspar Hauser”, de 1974
 
Foto: Reprodução Internet

 
Wasney de Almeida Ferreira*
 
O socialismo é uma lei natural, assim como a gravidade, a eletricidade e o magnetismo, pois todo ser humano é formado socialmente e toda sociedade é formada por seres humanos; ou seja, não existe nenhum ser humano que não seja, por essência e natureza, socialista.
 
Para que fique claro, imagine a seguinte situação: um recém-nascido é colocado em uma sala isolada totalmente de contato social. Ele não vê seres humanos; ele não ouve seres humanos; ele não interage com seres humanos. Para não morrer, o recém-nascido recebe apenas água e comida. O que acontecerá com o desenvolvimento dele? Ele será um ser humano ou um animal na adolescência?
 
Por ter recebido comida e água, irá amadurecer seus órgãos. Se for menina, na puberdade, irá desenvolver seios, pelos pubianos e iniciará período fértil. Entretanto, como cresceu totalmente isolada de contato social, não desenvolverá as características humanas. Ela não falará nenhum idioma, porque nunca ouviu nenhum ser humano falar. Ela não terá pensamento verbal, porque não aprendeu a falar nenhum idioma. Ela não terá senso moral, porque não aprendeu nenhuma regra social. Enfim, ela será literalmente um animal, um antropoide, um ser amoral, regido por instintos.
 
Agora, imagine se esse mesmo recém-nascido tivesse nascido em diferentes contextos sociais. Como seria caso tivesse se desenvolvido no Japão, na Suécia, no Iraque, na Suíça, no Reino de Deus, no Inferno ou no Brasil? Qual seria seu idioma? Qual seria sua cultura? Quais seriam seus valores? Seria justo, ético e racional pedir uma criança russa para que fale português, uma vez que nunca teve acesso ou incentivo coletivo?
 
A transformação do Homo sapiens sapiens em ser humano é um processo desenvolvimental, já comprovado cientificamente, e evidencia, de forma simples e objetiva, que somos socialistas por essência e natureza.
 
Sugestão: o filme “O Enigma de Kaspar Hauser” retrata de forma bem interessante os famosos casos de “meninos selvagens” que viveram em condições de iniquidade social e tiveram o desenvolvimento humano comprometido.
 
 
* Doutor em saúde pública, mestre em linguística e psicólogo pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
 
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