Marconi Abreu, de 36 anos, é um amante do automobilismo “desde que se entende por gente”, como ele mesmo se define. Em entrevista exclusiva concedida durante uma visita à redação do Diário de Contagem, ele relembrou a trajetória nas pistas. O amor pelo esporte levou o piloto a ser o único representante do Brasil no tapete vermelho do hall da fama da Nascar Night Awards 2016, em Charlotte, nos Estados Unidos, neste mês.
O bom desempenho do belo-horizontino morador de Contagem fez com que ele se tornasse um dos homenageados da noite norte-americana, que teve transmissão mundial em três idiomas. Estreante na Nascar – uma das maiores categorias automobilísticas do mundo –, o piloto conquistou o vice-campeonato nas duas disputas de que participou.
Mas engana-se quem pensa que a trajetória foi fácil. Pelo caminho, Abreu teve problemas com o acerto da equipe e disputou com pilotos que corriam em carros modelo 2016, enquanto o dele era 2010.
“Isso é um marco histórico para o esporte, para o Brasil e para o nosso município. Saí daqui vencendo todas essas barreiras para chegar lá e fazer história. Foi muito bonito, emocionante, um dos melhores momentos da minha vida”, avalia.
O começo
A história do piloto com a velocidade teve início aos dez anos, em um kartódromo de Betim, na região metropolitana. Admirador da Fórmula 1 e fã de Ayrton Senna, ele acordava de madrugada para assistir às corridas e não demorou a pedir para o pai levá-lo para pilotar um kart. O pedido não só foi prontamente atendido como veio acompanhado de muito incentivo. De lá para cá, Abreu vem somando vitórias.
“Tenho muito orgulho de o meu pai ter me dado essa oportunidade. No início, a família é essencial em todos os momentos, não só com a ajuda financeira, mas porque ela é a referência e a base que a gente tem. Ir para uma competição, estar nessa exposição, no treino, focado em um objetivo, se você não tem a família, acho que se torna mais complicado ainda”, diz.
Segundo Abreu, ouvir as pessoas dizerem que tudo não passava de um hobby e que seria muito difícil ele conseguir foi o que o instigou a ir mais longe. De Betim, ele seguiu para o RBC Racing, um kartódromo em Vespasiano, também na Grande BH, considerado a “casa de treinamento” dele quando está no Brasil.

Reconhecimento
Em 2003, o passo seguinte do piloto mineiro foi um curso de pilotagem profissional em Interlagos, em São Paulo. Uma vez por semana, ele pegava um ônibus na Praça da Cemig, desembarcava na capital paulista e, de lá, pegava outro ônibus até o autódromo. No mesmo dia, depois da aula, ele retornava para Contagem. A dedicação do aluno e os bons resultados – comprovados pelos tempos marcados por ele na pista – renderam elogios e notoriedade.
Três anos depois, Abreu conseguiu um patrocínio e a carreira dele acelerou ainda mais. De 2006 até hoje, ele vem colecionando títulos pelo Brasil e pelo mundo. E ele não para por aí: em 2017, o morador de Contagem terá nova oportunidade de correr na Nascar, mas, dessa vez, em um carro modelo 2016. O desafio já é uma das maiores motivações para ele.
“Temos uma equipe mediana, não vou falar que é de ponta, mas é uma equipe boa. Vamos ter que trabalhar muito, com a responsabilidade maior de ter um equipamento melhor na mão”, conclui.