Foto: Reprodução redes sociais
Cerca de 150 ex-funcionários do jornal Hoje em Dia ocupam a antiga sede da empresa, no bairro Santa Efigênia, região Leste de Belo Horizonte, nesta quinta-feira (1º). O edifício, citado como “predinho” por Joesley Batista na delação da JBS, foi comprado pela empresa por, aproximadamente, R$ 18 milhões, a pedido do senador afastado Aécio Neves (PSDB).
Há mais de um ano dezenas de trabalhadores (jornalistas, gráficos e funcionários da administração) demitidos sem justa causa do jornal estão sem o salário do último mês trabalhado e sem o acerto trabalhista pela rescisão contratual.
“Decidimos ocupar o prédio que foi sede do jornal durante décadas para denunciar a toda sociedade o calote. Fomos vítimas de uma negociata política, que envolve figurões da República, e pagamos a conta por projetos de poder, falta de ética e escrúpulos”, informa a nota publicada na página do evento no Facebook.
Respostas
Em nota, o jornal Hoje em Dia negou irregularidades no cumprimento da legislação trabalhista e afirmou que as rescisões dos funcionários estão sendo tratadas individualmente. Tamém em nota, os trabalhadores demitidos apontaram diversos erros da empresa. Confira as notas na íntegra abaixo.
JORNAL HOJE EM DIA
A atual gestão da Ediminas S/A assumiu o jornal Hoje em Dia quando a venda do prédio já havia sido concluída e vai colaborar com a Justiça prestando todos os esclarecimentos que forem por ela solicitados. O jornal não funciona mais no prédio da rua Padre Rolim.
A Ediminas vem cumprindo rigorosamente a legislação trabalhista. Sobre as rescisões de contrato, trata caso a caso as demandas, nas esferas competentes: Ministério Público do Trabalho, Justiça do Trabalho e sindicatos das categorias profissionais relacionadas ao jornal.
O Hoje em Dia reitera o compromisso com a transparência das informações e a ética profissional e informa que mantém seu funcionamento regular, o que permite a preservação de dezenas de empregos.
Ediminas S/A
DEMITIDOS CONTESTAM A NOTA DE ESCLARECIMENTO DA EDIMINAS
Os demitidos da Ediminas - Hoje em Dia, arrolados na dispensa em massa ocorrida no dia 29 de fevereiro de 2016, vêm a público externar sua consternação diante da nota divulgada hoje pela empresa, segundo a qual a mesma vem "cumprindo rigorosamente a legislação trabalhista". O grupo citado foi demitido ao findar do último dia do mês de fevereiro propositadamente, de modo a não incorrer no período alusivo à negociação salarial, mas, ao mesmo tempo, fazendo os mesmos, inocentemente, fecharem a edição do dia seguinte sem saber que seriam defenestrados ao findar da jornada, numa atitude que evidencia a covardia dos gestores.
Não bastasse, em reunião oficial, se comprometeram, mediante a uma procuradora do Ministério Púbico do Trabalho, a pagar o rescisório, chegando ao ponto de marcar horários com os demitidos no Sindicato dos Jornalistas, compromisso esse escalonado a partir da ordem alfabética.
No entanto, na véspera, à noite, em mais uma atitude inacreditável, depositaram o montante de R$ 500 reais na conta de cada um, sem nenhuma explicação.
No dia do acerto, os representantes da mesma compareceram ao Sindicato, no veículo identificado do jornal, e, frente aos demitidos e aos advogados e representantes do mesmo, se negaram a pagar, dizendo que deveríamos procurar a justiça. Não bastasse, ainda se retiraram do lugar rindo, o que foi devidamente fotografado. Com essa atitude irresponsável e leviana, jogaram os demitidos numa barafunda sem fim, pois sequer tiveram acesso de imediato ao FGTS, dado o grau de irregularidade da demissão.
Pessoas chegaram a ser hospitalizadas, mas, nas reuniões seguintes, o tom de insensibilidade foi mantido, chegando a nova gestão a colocar seguranças armados na porta da sede, de modo a intimidar os ex-funcionários. Alguns tiveram que viajar para outras cidades para tentar receber o seguro-desemprego, numa via crucis sem fim, que perdura até hoje, passados mais de 15 meses após o ocorrido.
Atualizada às 19h07