Foto: Robson Rodrigues

 
Reunião presencial do Conselho Municipal de Meio Ambiente de Contagem – Comac realizada no último dia 13 autorizou a supressão de mais 4.731 árvores. Ambientalistas e sociedade civil se organizam para evitar a destruição da antiga área rural da cidade.
 
A reunião no auditório da prefeitura foi convocada pelo então secretário Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade – Semads, Wagner Donato (PV). Conselheiros, técnicos e até representantes de construtoras interessadas na aprovação da pauta, também participaram.
 
Cerca de vinte pessoas foram autorizadas ficar no auditório, o restante foi retirado pela Guarda Civil para evitar aglomerações. Mesmo assim, o espaço fechado e pouco ventilado colocou em risco a segurança dos participantes.
 
Segundo conselheiros que representam a sociedade civil, foi tentado um acordo com o presidente do Comac, o secretário Donato. Mas a proposta de realizar a reunião de forma remota foi rejeitada.
 
O encontro presencial aconteceu mesmo à contra gosto de alguns e pauta foi aprovada pela maioria dos conselheiros. Supressões de milhares de árvores para construções de moradias, galpões e vias foram autorizadas.
 
Processos aprovados
 
Autorizado o desmatamento de uma área de 142.640,21 m2 na região de Vargem das Flores, próximo a mata da Gaforina e o bairro Colonial, para construção de conjuntos habitacionais pela construtora Privilege Empreendimentos Imobiliários Ltda,
 
Aprovado o corte de 2.423 árvores na Rua Primeiro de maio, 615 – bairro Chácaras Bom Jesus, para a construção de outro conjunto habitacional pela empresa Empreendimentos e Construções Alebras Ltda,
 
Votado e aprovado as supressões de 1.341 árvores na Via Vereador Joaquim Costa, 2001 Rodovia BR 040, no bairro Campina Verde, para a instalação de galpões industriais pela empresa Ello S/A Centro Empresarial Ltda,
 
Foi autorizado o desmatamento de 33,64 hectares e o corte de 603 árvores em Área de Proteção Permanente – APP, para construção da avenida maracanã, obra que será realiza pela Autarquia de Transito de Contagem - Transcon.
 
Mais 42 supressões de árvores foi aprovada na rua Bélgica, 05 – bairro Gloria, para dar lugar a prédios a pedido da construtora Dallas Residences Empreendimentos SPE Ltda,
 
Outras 322 supressões de árvores também foram autorizadas para construção de prédios na rua das Contendas, 735 na Fazenda Campestre. Pedido da construtora Propriam Bens Próprios Ltda.
 
De acordo com a Semads, os processos seguiram todos os ritos e prazos necessários à análise, nos licenciamentos ambientais de Contagem são observadas todas as legislações e são cumpridas todas as medidas de mitigação e compensação.
 
Ambientalistas
 
Segundo a professora e membro do Grupo SOS Vargem das Flores Cristina Oliveira, a maior parte das supressões e desmatamentos vão ocorrer justamente na região da Vargem das Flores, área rural que passou a ser urbana, após a aprovação do novo Plano Diretor e regulamentação feita pela Câmara Municipal de Contagem.
 
“O que garante a produção de água em Vargem das Flores é a permeabilidade do solo e as árvores. Ao desmatar e construir na bacia hidrográfica, vão reduzir a capacidade de armazenamento da água da chuva no lençol freático. Justamente onde estão as nascentes que abastecem a represa Vargem das Flores durante o período da seca. Com as construções irregulares que planejam fazer, as nascentes podem secar e assorear a represa. Estarão matando a represa Vargem das Flores aos poucos. Por isso a importância de fazer a revisão do Plano Diretor e da Lei de Uso, Parcelamento e Ocupação do Solo. Só assim será possível barrar a destruição da nossa cidade”, explicou a professora.

Semads
 
Segundo a secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade – Semads, um inventário realizado teria apontado que 45% das 700 mil árvores da cidade são exóticas ou impróprias para o espaço urbano e serão plantadas espécies como quaresmeira, aroeira salsa, ipê, oitis e patas de vaca.
 
Ainda segundo o semads, cerca de 2.400 serão plantadas na cidade como contrapartida pela supressão de 244 na avenida João César de Oliveira, intervenção necessária para as obras do Sistema Integrado de Mobilidade (SIM). As árvores estariam velhas, com risco de queda e poderiam causar danos à rede elétrica.
 
Já as dez palmeiras próximo ao complexo viário do Beatriz, serão removidas e transplantadas ao longo da avenida Helena de Vasconcelos Costa, entre o aterro sanitário e o viaduto da Ceasa.
 

Antes
 

Depois
 
Medidas de compensações
 
No total, o Conselho Municipal de Meio Ambiente – Comad autorizou a supressão de 4.731 árvores de diversas espécies. Se as contrapartidas de replantio forem iguais às prometidas para compensar as supressões das avenidas João Cesar de Oliveira e Babita Camargos, a secretaria deverá replantar 47.731 mudas, número longe da capacidade de produção dos viveiros do Semads.

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