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Durante uma audiência pública em Betim, na quinta-feira (4), prefeitos e representantes de cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte apresentaram uma nova proposta de traçado para o Rodoanel, elaborado pelo governo de Minas Gerais.
No projeto dos municípios, haverá a implantação de três pistas, com o traçado contornando Betim e Contagem, não cortando as cidades, como previsto inicialmente. O projeto também conta com interligações entre as BRs 381, 262 e 040. Assim, estima-se um aumento de cerca de 12 km no Rodoanel, que passaria a ter extensão de 112,93 km, não mais de 100,65 km.
Além da prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), e do prefeito de Betim, Vittorio Medioli (PSD), representantes de Igarapé, Brumadinho, Sarzedo, Esmeraldas, Ribeirão das Neves e Ibirité estiveram presentes.
Críticas
Os gestores apresentaram críticas ao projeto da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra) e defenderam a preservação da Área de Proteção Ambiental de Várzea das Flores — localizada na divisa entre Betim e Contagem.
O traçado original, proposto pela Seinfra, corta a bacia de Vargem das Flores. “O impacto pode ser tão negativo, que seria capaz de secar a lagoa e comprometer o abastecimento de água da região. É uma preocupação ambiental, mas, também, pelo direito à água. Precisamos de água para sobreviver, para produzir. E se a lagoa secar vamos buscar água muito mais longe e muito mais caro, com repercussões para a população e para o empresariado das cidades”, destacou Marília Campos.
Outro ponto colocado pela prefeitura de Contagem é o fato de que o Rodoanel faria do município uma “cidade de passagem” para quem trafega pelo local. Além disso, o trajeto pode dividir a cidade e afetar a integração da região. Segundo a prefeita, o projeto trará impactos negativos à vida dos cidadãos, ao meio ambientes e à economia. “Temos que pensar em desenvolvimento, em mobilidade, em qualidade de vida, ou seja, desenvolvimento sim, mas, de forma sustentável. As cidades envolvidas já são constituídas, têm a sua identidade, e não podemos, daqui a dez anos, ter um novo grande problema na Região Metropolitana de Belo Horizonte, por causa do Rodoanel”, afirmou.
O chefe do Executivo de Betim também defendeu a nova proposta alegando que os custos com o aumento da extensão da obra vão ser compensados pela economia feita com as reduções de processos judiciais, provocados pelas desapropriações das famílias, os quais o poder público terá que arcar.
“O objetivo é convencer o governo estadual a aceitar a vontade dos municípios e não impor uma vontade que não se sabe a procedência. Refizemos todas as contas e termos técnicos, então, muitos pontos devem ser corrigidos pelo Estado. Na nossa proposta, as obras poderiam começar em um ano e ficariam prontas em três anos. Enquanto a proposta do Governo de Minas começaria daqui a cinco anos. Seria uma perturbação que não podemos aceitar”, completou Vittorio Medioli.
Agora, os representantes municipais devem se reunir com os gestores estaduais para discutir as alterações no projeto.
Rodoanel Metropolitano
A construção do Rodoanel Metropolitano está orçada em R$ 5 bilhões, sendo que cerca de R$ 3 bilhões virá do valor acordado entre o governo do Estado e a Vale para compensar os danos do rompimento da barragem da mineradora em Brumadinho, em 2019.
Segundo o governo de Minas, o objetivo da obra é desafogar o tráfego no Anel Rodoviário da capital, que conta com trânsito intenso de caminhões, além de reduzir o número de acidentes graves no local. No entanto, o projeto vem sendo criticado por ambientalistas e movimentos sociais desde sua concepção.