A “Emergência Climática” foi destaque da 1ª Conferência Municipal de Meio Ambiente de Contagem, realizada no último sábado (23/11), que discutiu justiça climática, sustentabilidade e ações para enfrentar mudanças globais.  

Cerca de 200 participantes estiveram presentes na Funec Centec, para participar das discussões, definir dez propostas e eleger dez delegados que vão representar o município na Conferência Estadual e, posteriormente, na 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA), prevista para maio de 2025, em Brasília.  

Crise climática no centro do debate

Com o tema central “Emergência Climática e Transformação Ecológica”, a conferência faz parte de uma agenda nacional que busca envolver municípios e estados na formulação de políticas públicas voltadas ao enfrentamento das mudanças climáticas.  

A prefeita Marília Campos, que recentemente participou do encontro do G20 no Rio de Janeiro, destacou a necessidade de combinar justiça climática com justiça social.  

“Precisamos de grandes intervenções, como melhorar a mobilidade urbana, plantar mais árvores e urbanizar vilas e favelas. O desenvolvimento sustentável depende de soluções integradas que garantam qualidade de vida para a população”, afirmou.  

Participação e aprendizado
  
O evento contou com palestras de especialistas como Rodrigo Perpétuo, diretor-geral da Agência da Região Metropolitana de Belo Horizonte, que abordou a relação das cidades com a COP 30, e Bárbara Crepet, conselheira técnica em mitigação climática da Secretaria Estadual de Meio Ambiente. 

A secretária municipal Maria Thereza Camisão apresentou o tema "Conformidade climática de Contagem", reforçando a urgência de ações frente ao aquecimento global.  

“O objetivo deste evento é discutir soluções para emergências climáticas e construir políticas públicas prioritárias. Enfrentar essa crise exige o apoio de todos e mudanças profundas nas formas de viver, consumir e produzir”, pontuou Camisão.  

Os debates foram organizados em cinco eixos e os participantes se dividiram em salas diferentes conforme a escolha de cada um. Todos tiveram chance de opinar e propor ações capazes de enfrentar as mudanças climáticas:  

Eixos:

1. Mitigação: Estratégias para reduzir emissões de gases de efeito estufa; 
2. Adaptação a desastres: Planejamento para minimizar os impactos de eventos climáticos extremos;
3. Justiça climática: Inclusão de populações vulneráveis nas políticas ambientais;  
4. Transformação ecológica: Mudanças nos modelos de produção e consumo;
5. Governança e educação ambiental: Iniciativas para formação de lideranças e conscientização da sociedade.  

O presidente da Associação de Proteção e Defesa das Águas de Vargem das Flores, Maurício Cassim, enfatizou a necessidade de um sério comprometimento das cidades com a agenda ambiental.  

“Os municípios precisam assumir as questões climáticas como prioridade na gestão pública, com ações concretas e alocação de recursos. O momento é decisivo, e as medidas precisam ser tomadas agora”, alertou.  

Sociedade civil organizada pede que as propostas sejam acatadas

Segundo a coordenadora do Movimento SOS Vargem das Flores, Cristina Oliveira, foi muito importante o Governo Federal organizar uma conferência para discutir a emergência climática. Entretanto, ela ressaltou que os movimentos sociais de Contagem discutiram esta pauta durante o ano todo no Congresso do Povo e na Plataforma Verde. 

"Foram apenas duas horas para o trabalho dos grupos. Isso dificultou qualquer debate sobre a emergência climática na cidade. Por isso fizemos uma emenda ao regimento para que todas as propostas discutidas sejam incorporadas ao relatório da conferência. Assim, garantimos que as 131 propostas dos movimentos sociais sejam acatados pela 1º Conferência Municipal", disse a professora.

Cristina alertou que os eventos extremos da natureza vieram para ficar, por isso, as cidades precisam se preparar e se adaptar para evitar e se proteger dos efeitos das mudanças climáticas.

Cada eixo apresentou duas propostas para a Conferência Estadual e várias outras para a Conferência Municipal. As propostas de Contagem vão seguir para a Conferência Estadual de Meio Ambiente, onde serão consolidadas e levadas à etapa nacional. 

O evento reforçou o papel central das cidades no enfrentamento da crise climática, enfatizando a necessidade de cooperação entre poder público, iniciativa privada e sociedade civil.