Foto: Prefeitura de Guarujá/Divulgação
O Instituto Adolfo Lutz confirmou que o surto de virose que atingiu diversas cidades do litoral paulista, como Praia Grande e Guarujá, foi causado pelo norovírus, presente em esgoto sanitário.
Desde dezembro, o aumento expressivo de casos em cidades da Baixada Santista, agravado após as festas de final de ano, levou a prefeitura do Guarujá a declarar situação de surto de virose gastrointestinal.
A doença, conhecida como gastroenterite, é transmitida principalmente pela via fecal-oral e provoca sintomas como náusea, vômito, diarreia e dor abdominal, além de febre baixa e cansaço em alguns casos.
A Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo informou que as noroviroses têm duração média de três dias e são altamente transmissíveis. Mesmo assim, fatores que agravam o problema continuam sendo negligenciados.
Norovírus causa desconforto intestinal – Foto: Reprodução/ND
Bandeiras vermelhas
Muitas praias da região estão com bandeiras vermelhas, indicando condições impróprias para banho, mas essas sinalizações são amplamente ignoradas por banhistas e até pelas autoridades locais.
Especialistas apontam que as chuvas intensas que atingem a região frequentemente sobrecarregam as redes de esgoto e drenagem fluvial, que acabam despejando resíduos sanitários diretamente no mar. A existência de ligações clandestinas de esgoto que deságuam no oceano também agravam a contaminação.
De acordo com ambientalistas, a falta de fiscalização efetiva contribui para o aumento da poluição das praias, o que torna os ambientes propícios à proliferação de microrganismos, como o norovírus.
O cenário não só compromete a saúde dos banhistas, mas também reflete a ausência de políticas públicas eficientes para tratar o saneamento básico na região.
Foto: Marcelo Martins/Prefeitura de Santos
Consequências para a saúde pública
O contato com águas contaminadas por esgoto sanitário é apontado como o principal vetor do surto. A negligência em relação à qualidade das águas, mesmo com alertas visíveis, levou ao aumento do número de pessoas infectadas.
Segundo autoridades, a prevenção deveria incluir maior conscientização dos banhistas e ações imediatas para sanar vazamentos e coibir práticas irregulares.
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) negou que vazamentos de esgoto tenham causado o surto, apesar de notificações feitas pela prefeitura de Guarujá. Entretanto, denúncias de esgotos clandestinos na região da Enseada continuam sendo investigadas.
Prevenção e cuidados
A Secretaria Estadual de Saúde reforça que, para evitar infecções por norovírus, é essencial lavar bem as mãos, evitar alimentos mal cozidos e não consumir produtos de origem desconhecida, como gelos e sucos. Banhos de mar nas 24 horas após chuvas devem ser evitados devido à provável contaminação das águas.
Tratamento
O tratamento para noroviroses consiste principalmente em hidratação, e casos mais graves podem exigir internação para reposição intravenosa de líquidos. Sinais de desidratação, como pele e boca secas, e dificuldade em urinar, demandam atendimento médico imediato.
Embora medidas preventivas sejam amplamente divulgadas, a resolução definitiva do problema depende de maior fiscalização, investimentos em saneamento e campanhas que sensibilizem moradores e turistas sobre os riscos de praias contaminadas.
Fonte: Agência Brasil