Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Com uma história política marcada pelos escândalos de corrupção e pelo fatídico confisco da poupança 1990-1992, Collor revive o fantasma do passado e é condenado a quase 9 anos de prisão.
Justiça é feita. Após décadas de polêmicas e processos, o ex-presidente Fernando Collor de Mello foi finalmente preso na madrugada desta sexta-feira (25), em Maceió (AL), em cumprimento à sentença do Supremo Tribunal Federal (STF).
Condenado em maio de 2023 a 8 anos e 10 meses de prisão por envolvimento em esquema de corrupção na BR Distribuidora, Collor teve sua ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, que rejeitou os últimos recursos, considerados "meramente protelatórios".
A detenção do ex-presidente ocorre em um momento emblemático: 35 anos após o fatídico confisco das poupanças dos brasileiros, episódio que traumatizou o país e marcou a curta gestão presidencial (1990-1992).
O Plano Collor, lançado no início de mandato, confiscou valores acima de 50 mil cruzados novos das contas bancárias da população. A medida impositiva causou perdas irreparáveis e levou milhares de brasileiros ao desespero e até à morte.
Muitos morreram por doenças causadas pelo estresse e outros tantos, por auto extermínio, suicidio.
Corrupção
Collor foi condenado por receber R$ 20 milhões em propina entre 2010 e 2014, em conluio com empresários, para favorecer contratos da BR Distribuidora com a UTC Engenharia.
A defesa do ex-presidente tentou sucessivamente postergar a execução da pena com embargos de declaração e embargos infringentes, ambos rejeitados pelo STF.
Segundo Moraes, as tentativas da defesa não tinham fundamento jurídico e visavam apenas atrasar o cumprimento da sentença.
Além da prisão de Collor, a Justiça determinou a execução da pena de outros dois réus: Pedro Paulo de Leoni Ramos e Luis Pereira Duarte de Amorim, também condenados, porém com penas mais brandas.

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
O passado condena
Fernando Collor de Mello é protagonista de uma das trajetórias políticas mais controversas do Brasil.
Após se eleger presidente em 1989 com o discurso de "caçador de marajás", Collor foi rapidamente envolvido em denúncias de corrupção que culminaram em seu impeachment em 1992.
O confisco da poupança, anunciado dias após a posse, confiscou bilhões de cruzados novos da população, sob a justificativa de conter a hiperinflação.
A medida impopular devastou economias familiares e comprometeu ainda mais sua imagem pública. Agora, 35 anos depois, o ex-presidente volta às manchetes, desta vez, para cumprir pena atrás das grades.
Defesa tenta prisão domiciliar
A defesa de Collor já anunciou que vai tentar converter a prisão em prisão domiciliar, sob a alegação de questões de saúde e idade do ex-presidente, que atualmente tem 74 anos. Mas ainda não há decisão sobre o pedido.
Fonte: Agência Brasil