Data de publicação: 13-05-2025 23:22:00 - Última alteração: 13-05-2025 23:40:04

Morre Pepe Mujica, símbolo da ética política na América Latina

Jornal Diário de Contagem On-Line
Foto: Divulgação

Ex-presidente do Uruguai, ícone da esquerda latino-americana e defensor da integração regional, faleceu aos 89 anos, em Montevidéu. Ele foi conhecido como o “presidente mais pobre do mundo”.

O mundo se despede, nesta terça-feira (13), de uma das mais admiradas figuras públicas: José “Pepe” Mujica, ex-presidente do Uruguai.

A informação foi confirmada pelo governo uruguaio e amplamente lamentada por lideranças internacionais. No Brasil, o Itamaraty o classificou como “um dos maiores humanistas da nossa época” e “grande amigo do Brasil”.

Internado nos últimos meses, Mujica lutava contra um câncer no esôfago, revelado em abril de 2023. A doença se agravou e o ex-presidente passou a receber cuidados paliativos, vivendo recluso em sua chácara nos arredores da capital uruguaia.

Conhecido como o “presidente mais pobre do mundo” por seu estilo de vida simples, dirigia um Fusca azul e doava parte de seu salário a projetos sociais. Mujica liderou o Uruguai de 2010 a 2015. 


A gestão de Mujica foi marcada por medidas progressistas, como a legalização da maconha, o casamento igualitário e a ampliação dos programas sociais.

De guerrilheiro a presidente

Mujica teve uma trajetória política incomum. Na juventude, foi guerrilheiro do movimento Tupamaros, que lutou contra a ditadura uruguaia. Passou 14 anos preso, alguns deles em solitárias, e chegou a ser baleado seis vezes. 

Libertado após o fim do regime, fundou o Movimento de Participação Popular (MPP), braço da Frente Ampla, que o levou ao Parlamento e, depois, à Presidência da República.

Um legado de simplicidade e integridade

Mesmo no poder, manteve-se fiel aos princípios. Recusava luxos, vivia em uma pequena propriedade rural e falava com honestidade desconcertante. 


Mujica foi floricultor e, mesmo após tomar posse em cargos de poder, continuou a cuidar das flores da chácara - 
Foto:
REUTERS/Pablo La Rosa


Em 2020, renunciou ao Senado para evitar o contágio por Covid-19 e disse: “Há uma hora de chegar e uma hora de partir na vida”.

“Me dediquei a mudar o mundo e não mudei nada. Mas me diverti, e gerei muitos amigos nessa loucura”, disse na última entrevista ao jornal El País, da Espanha, em novembro de 2024.

Defensor da integração da América Latina

Pepe Mujica foi um incansável defensor da integração latino-americana, teve um papel central na criação e no fortalecimento de blocos como o Mercosul e a Celac. 

“Ou nos integramos, ou não somos nada”, disse. Acreditava que somente a união dos povos latino-americanos seria capaz de enfrentar as imposições de um mundo globalizado e desigual.

Em dezembro de 2023, foi condecorado pelo presidente Lula com a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a mais alta honraria brasileira para estrangeiros.


Pepe Mujica e esposa Lucía Topolansky - Foto: Corriere Della Sera

Uma perda global

O falecimento de Mujica representa mais do que a perda de um político: é a despedida de um símbolo ético e humanista em meio à descrença global na política. 

A coerência de Mujica entre discurso e prática inspira gerações e permanece como exemplo raro de liderança autêntica.

“Ele não foi apenas presidente. Foi uma lição viva de que é possível fazer política com simplicidade, dignidade e verdade”, resumiu o historiador Rafael Nascimento.


Fonte: Agência Gov
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