Foto: Reprodução / redes sociais
Morreu na noite desta terça-feira (13), Divaldo Pereira Franco, um dos maiores expoentes da Doutrina Espírita no Brasil e no mundo. O médium estava internado e lutava contra um câncer de bexiga desde novembro de 2023. A causa da morte foi falência múltipla dos órgãos.
Sucessor de Chico Xavier, Divaldo deixa um legado inestimável na divulgação da mensagem cristã sob a luz do Espiritismo, com mais de 20 mil conferências realizadas em 71 países ao longo de quase oito décadas de dedicação à oratória espírita.
Uma vida de entrega e amor ao próximo
Fundador da Mansão do Caminho, instituição localizada em Salvador (BA) que atende milhares de pessoas em situação de vulnerabilidade social, Divaldo foi, por décadas, um exemplo de fé, caridade e compromisso com os ensinamentos de Jesus.
Ao lado do amigo e companheiro de jornada Nilson de Souza Pereira, Divaldo iniciou, ainda nos anos 1950, uma das obras sociais mais reconhecidas do Brasil, que une assistência, educação e espiritualidade em um mesmo espaço.
Chamado de “Semeador de Estrelas”, encantava multidões por onde passava, ao levar palavras de conforto, ensinamentos doutrinários e reflexões sobre paz, amor, ética e responsabilidade espiritual.

Mediunidade desde a infância
Nascido em Feira de Santana (BA), em 5 de maio de 1927, Divaldo foi o caçula de uma família com 13 filhos.
Desde a primeira infância, apresentava sinais de mediunidade ostensiva, que despertaram preocupação e preconceito por parte dos familiares. As visões espirituais começaram aos quatro anos e se intensificaram ao longo da infância.
Aos sete anos, relatou ser perseguido por um espírito obsessor que o acompanharia até a vida adulta. Foi somente após a ajuda de uma médium chamada Dona Naná que Divaldo pôde compreender e equilibrar sua mediunidade.
A partir daí, mergulhou no estudo da Doutrina Espírita, tornando-se um dos mais respeitados divulgadores.

Educador da alma e defensor da paz
Divaldo Franco proferiu milhares de palestras e seminários, publicou mais de 260 livros (psicografados com mensagens de diversos espíritos), que foram traduzidos para mais de 20 idiomas. Estimativas indicam que cerca de 10 milhões de exemplares das obras foram distribuídos pelo mundo.
Além de médium e orador, Divaldo também foi um defensor da paz mundial, ao participar de encontros inter-religiosos, fóruns de direitos humanos e ações sociais. Nas falas, destacava sempre a importância da pacificação interior como chave para a transformação da sociedade.
Reconhecimento internacional
O trabalho de Divaldo foi reconhecido por instituições espíritas, governos e organismos internacionais. Ele recebeu o título de Embaixador da Paz no Mundo pela Organização das Nações Unidas (ONU), além de diversas homenagens no Brasil e no exterior.
Mesmo diante das adversidades, como perseguições espirituais, problemas familiares e perdas marcantes, Divaldo se manteve fiel à missão de consolar, ensinar e servir.
Legado eterno
Seu desencarne representa um marco para o Espiritismo contemporâneo, mas o legado deixado permanece vivo nas obras, nos ensinamentos e nos corações dos que foram tocados por sua palavra.
“Me dediquei a mudar o mundo e não mudei nada, mas me diverti. E gerei muitos amigos e muitos aliados nessa loucura de mudar o mundo para melhorá-lo. E dei sentido à minha vida”, disse Divaldo em uma das últimas entrevistas, em 2024, ao jornal El País.
A vida de Divaldo Franco é um exemplo de fé, altruísmo e dedicação. Para milhões, ele não foi apenas um médium: foi um guia, um conselheiro, um homem de luz. Que seu retorno ao plano espiritual seja de paz, como foi sua jornada entre nós.