Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
O fotógrafo documental e fotojornalista mineiro Sebastião Ribeiro Salgado Júnior morreu nesta sexta-feira (23), em Paris, aos 81 anos. Ele deixou um legado incomparável de imagens que combinaram estética e engajamento social.
Ícone mundial das lentes em preto e branco, Salgado eternizou a dignidade humana em cenários de guerra, pobreza e meio ambiente. A obra de Salgado, reconhecida globalmente, inspira o olhar sobre injustiças e belezas do planeta.
Com coberturas em mais de 120 países, Salgado foi autor de projetos como Êxodos, Gênesis e Trabalhadores, que retrataram crise migratória, as belezas naturais e a força do labor humano.
A causa da morte não foi divulgada, mas o fotógrafo enfrentava complicações decorrentes de uma malária contraída nos anos 1990. A família informou que o corpo será velado em cerimônia restrita, com data e local a serem confirmados.
Principais conquistas e reconhecimento
– Grande embaixador da dignidade humana, Salgado foi Embaixador da Boa Vontade da UNICEF e recebeu importantes prêmios, como o W. Eugene Smith Memorial Fund (1982) e a Medalha do Centenário da Royal Photographic Society (1993).
– Em abril de 2016, tornou?se membro da Academia de Belas?Artes de Paris, no Institut de France
– O trabalho de Sebastião Salgado impactou publicações de prestígio mundial e rendeu exposições itinerantes por todos os continentes, ao usar exclusivamente fotografia em preto e branco para enfatizar o contraste entre a esperança e o sofrimento.
Legado e influência
A obra de Salgado não apenas documentou catástrofes e injustiças, mas também retornou o olhar à preservação ambiental e às culturas tradicionais, que despertou a consciência global.
Os livros e as mostras continuam a inspirar fotógrafos, jornalistas e ativistas, para que as histórias de resistência e solidariedade não caiam no esquecimento.
Sebastião Salgado parte aos 81 anos, mas as imagens e o compromisso com a humanidade permanecem eternos, ao lembrar o poder transformador da fotografia.
Olhar humanista que revela o mundo
Sebastião Salgado construiu carreira ao longo de cinco décadas ao retratar a condição humana e a natureza com sensibilidade e profundidade.
Sebastião Salgado por Sebastião Salgado
Salgado, formado em economia, tornou-se referência mundial pelas narrativas visuais em grandes séries temáticas.
Em Workers (1993), ele expôs a força e a resistência do trabalho manual em minas e fábricas ao redor do planeta; em Migrations (2000), abordou os fluxos de deslocamentos forçados e voluntários de milhões de pessoas; e, mais recentemente, com Genesis (2013), rumou ao coração do planeta para registrar povos tradicionais, paisagens intocadas e espécies em risco .
A incursão pela Amazônia, resultado de seis anos de imersão na floresta, revelou a grandiosidade dos rios, arquipélagos e comunidades ribeirinhas, reforçou o compromisso de Salgado com a preservação ambiental e cultural .
O fotógrafo trabalhava com filme preto-e-branco e luz natural, para criar composições que valorizam o contraste e o drama. O método de Salgado inclui longos períodos de convivência com suas “vítimas de lente”, o que lhe garante empatia e acesso a olhares raros.
Legado e Reconhecimento
– Prêmios: Prêmio Príncipe das Astúrias de Comunicação e Humanidades (1998), Leopold Godowsky Jr. Award pela Sociedade de Fotografia de Arte (2012).
– Fundador do Instituto Terra, dedicado à recuperação de áreas desmatadas no sul do Brasil, onde restaurou mais de 17 mil hectares de Mata Atlântica.
Instituto Terra
Em abril de 1998, Salgado e sua esposa, Lélia Deluiz Wanick Salgado, fundaram o Instituto Terra, em Aimorés (MG), dedicado à recuperação de áreas degradadas do Vale do Rio Doce e à educação ambiental, que impactou diretamente o desenvolvimento sustentável regional.
Nota de pesar do Instituto Terra
