O delegado Fábio Pinheiro Lopes, que foi afastado do cargo de diretor do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais)
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
O inquérito contra repórter do Metrópoles é classificado como "tentativa de censura". O delegado afastado é investigado por ligação com facção criminosa PCC.
A Polícia Civil de São Paulo abriu um inquérito contra um jornalista do portal Metrópoles por reportagens que expuseram as movimentações financeiras do delegado Fábio Pinheiro Lopes, ex-diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), afastado sob a suspeita de lavar dinheiro para o Primeiro Comando da Capital (PCC).
A investigação policial, classificada por entidades como a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) como "tentativa de censura", levanta sérias preocupações sobre a liberdade de imprensa no estado.
O Caso e as Implicações
O delegado Fábio Pinheiro Lopes, conhecido como Fábio Caipira, foi um dos nomes citados nas delações de Vinícius Gritzbach, acusado de lavagem de dinheiro para o PCC e morto em novembro do ano passado.
Gritzbach alegou ter recebido uma oferta de acordo financeiro para suspender investigações contra ele no Deic. Em decorrência dessas denúncias, Fábio Caipira e outros dois delegados da equipe foram afastados do órgão em dezembro de 2024, por decisão do governo estadual.
Em março, o repórter Luiz Vassallo, do Metrópoles, publicou uma série de reportagens detalhando a movimentação financeira do delegado. Vassallo é conhecido por ter revelado, no ano passado, o esquema de descontos irregulares em aposentadorias que culminou no escândalo do INSS.

Reação da Polícia e da Imprensa
O inquérito policial contra o jornalista do Metrópoles foi instaurado a pedido do próprio delegado Fábio Pinheiro Lopes, por "suposta prática de crime contra a honra", na 2ª Divisão de Crimes Cibernéticos.
No entanto, o diretor do Metrópoles em São Paulo, Fabio Leite, defendeu a veracidade das informações.
"É importante destacar que todas as informações contidas na matéria estão corretas e que o delegado Fábio Caipira foi ouvido pessoalmente antes da publicação. Publicamos a reportagem depois que o delegado foi afastado da direção do Deic pelo governo Tarcísio", afirmou Leite, ressaltando o inegável interesse público do caso e garantindo que o departamento jurídico do portal está cuidando da defesa do jornalista.
A Fenaj, em nota, manifestou profunda preocupação com a situação. "Episódios como este mostram que o uso do poder institucional para perseguir profissionais da imprensa ainda é uma prática preocupante. A democracia exige jornalismo livre e jornalistas respeitados", declarou a entidade.
Silêncio Oficial
A Secretaria da Segurança Pública não se manifestou em face às graves acusações contra a liberdade de imprensa. O silêncio apenas intensifica o cenário de incerteza e preocupação para os profissionais da área.
Fonte: Metrópoles / SP